sábado, dezembro 02, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
Bailarina
Porque dói no tempo
Porque se sente no sentir
Porque um porquê não é justificação
Vejo os projectos de ontem
Espalhados pelo chão
Pisados um por um em
Pontas de bailarinas sem aulas
Em pontas de abismos circulares
De um gesto rodopiado arriscado
Pérolas que saltam dos colares
Misturadas com a tortura
De uma musica não encerrada
Porque um porquê não tira do chão
Nem anoitece o cair em que estás deitada
Não há estrelas cadentes
Para guardares no regaço
E até poucos rumos fora dos poentes
Fechas portas sofridas de menina
Abres janelas em toques pouco sentidos
Porque um porquê não justifica
Que num acto desajeitado de bailarina
Faças piruetas da vida
Sufoca o teu ar de pescoço erguido
Porque não podes perder a pose
Daquilo que acham que és
Porque dói tanto, tanto, tanto
Levar a vida sem as palmas dos pés
Gira o tule apertado numa cintura
Sem medidas de gente
Desordena a poeira da vida
Que nem sempre viste feliz
Abafa o ar em que te moves perdida
Porque é assim que o teu deus diz
No teu mundo sem palco
Onde danças contorcida sem dores
Onde choras por gestos
Mas nunca por amores
Arruma as tuas sapatilhas
No meio de flores
Descalça essas apertadas gargantilhas
Que te sufocam gritos de bailado
Abre os braços na luz escura de projectores
Descalça de tudo o que te aperta a memória
O teu número começou
Sem publico mal amado
Dança agora em cima de tudo
Que julgavas já ter pisado.
Não procures pela menina de Ontem
Não procures pela menina de ontem, ela deixou as bonecas perdidas num lugar desconhecido, num lugar de antes, ela já foi, partiu para um depois que não conheces.
Passavas o tempo a torcer o nariz, e fazer caras feias ao bicho pequeno que desarrumava a casa, e trazia os filhos para todas as divisões, perdias-te nos gritos, e ela escondia-se debaixo das cadeiras, tu….tu não podias fugir.
Ela sorria sem ser preciso luz, ela brindava tudo o que a rodeava com uma alegria contagiante, tu fechavas o sorriso e trazias as nuvens para a frente do seu sol, ela era pequena, ela era engraçada, tu estavas a crescer na vida.
Encontrava-te nos cantos a chorar de amores por outras miúdas, que já tinham sido miúdas nos teus tempos de caixa de areia, de baloiços, e passeios no parque, tu ignoravas as perguntas e todos os porquês, ela era pequena, quase insignificante, mas tinha uma vida sem fim.
Davas com ela em brincadeiras de princesas, coroas, castelos e ilusões encantadas com a inocência dos anos verdes, fantasias que ela ainda hoje guarda nos olhos brilhantes.
Como gostavas tu daqueles olhos brilhantes que se passeavam em frente a televisão e te seguiam os movimentos pela casa, como gostavas tu de ver aquele sorriso brotar da simplicidade de um gesto quase banal nos teus olhos.
Eram dias de um sol feliz que não tem vergonha de mostrar a cara, mas tu teimavas em te esconder dela, em esconder-lhe as bonecas nos caixotes para depois a veres que nem uma barata tonta a correr, ela era apenas uma miúda pequena.
Onde está a menina de outros tempo? Onde estão os caixotes das bonecas? O que aconteceu depois de tudo?
Perguntas agora ao tempo para onde levou a tua menina de olhos brilhantes que cabia debaixo das cadeiras. Não perguntes por ela, o ontem é tarde demais, procura-a no depois, despe-a da inocência, ela esqueceu já as bonecas nalgum lugar perdido.
Porque te esqueceste de mim pai?
Um jardim pequeno e um baloiço ao fundo. Uns braços empurram a cadeira do baloiço vigorosamente enquanto umas gargalhadas miúdas sufocam o ar.
- Com mais força pai, ajuda-me a tocar com os pés no céu!
Uma miúda pequena grita do baloiço enquanto se engasga nas suas gargalhadas, os cabelos quase loiros mudam de direcção consoante a força dos braços e do sorriso que vem de dentro do pai. Tem um vestido azul, não do azul do céu que quer tocar com as pontas dos pés, nem do azul que chega ao fim da noite, um vestido do seu azul que lhe acende os pedaços de cabelo loiro sobre o rosto, tem uma pela branca como se tivesse sido mantida virgem do sol até hoje. Os braços continuam a embala-la de trás para a frente, da frente para trás, sei que está feliz e sei que gostaria de ficar naquele embalo até os seus cabelos não possuírem nenhuma madeixa dourada.
O pai vai ajuda-la a tocar no céu com as pontas dos sapatos pretos já sem cor das brincadeiras e das correrias. Sei também que vai guardar para sempre consigo este momento, o pai ao empurrar-lhe o baloiço empurra também para dentro dela as memórias felizes desta tarde. Vai sempre recordar a tarde em que o pai a empurrou no baloiço do parque, em que escreveram os nomes na areia do jardim, em que andou por cima dos seus sapatos no corredor, em que o pai lhe fez cócegas até ela não conseguir respirar, em que foram ao parque de diversões, em que o pai lhe ofereceu uma cassete de desenhos animados nova…Lembro como se fosse hoje o dia em que me trouxeste aquela guitarra cor-de-rosa que brilhava e tinha botões em arco-íris, era o meu brinquedo favorito. Os anos vão passando, mas as memórias felizes permanecerão sempre em cima das que estão manchadas de dor. O pai estará sempre presente, ele vive ninguém o levou, talvez até fosse melhor o terem levado, talvez a menina de hoje não se sentisse esquecida.
Os cabelos loiros escureceram com o sol que se apagou vezes sem conta para depois voltar a acender nas manhas seguintes. A menina foi à escola, andou de baloiço sozinha, aprendeu a ler e a escrever, dançou nas festas da escola, recordo uma vez que estiveste comigo pai, um concurso de música em que me levaste ao palco com os olhos espelhados de orgulho por mostrares que era a tua menina que estava lá. 10anos. A ultima vez que te recordo perto psicologicamente.10anos.
A menina foi a melhor do ano, a menina encantou amores, desencantou paixões, a menina criou gostos, sabes quais são os meus livros favoritos? Sabes de que escrevo todas noites? E as musicas que a menina canta escondida no quarto sabes quais são? Qual foi a ultima vez que ela correu para ti com magoas para te deitar no colo?
Será que não te esqueceste senhor dos braços ágeis que empurrava a menina de cabelos loiros no baloiço, de umas quantas perguntas ao longo da vida? Será que era difícil actualizar a memória dos gostos pouco constantes de um rebento que crescia à tua frente? Muito fácil, bastava saberes amar aquilo que vias todos os dias naquele baloiço velho e branco que tu próprio concebeste.
A menina nunca foi má menina, vivia a vida sem grandes sobressaltos, sempre fui sossegada eu sei, com um sorriso do tamanho do mundo colado ao rosto guardo sempre junto dele as vezes que me empurraste no baloiço, não tenho mais nada para guardar.
Porque te esqueceste de a empurrar durante 10anos senhor das braçadas vigorosas? Porque nunca me empurraste com força suficiente para tocar com os pés no céu?
Porque te esqueceste de mim pai?
Dentro do Toque
Arrepio, cabelos revoltos de uma furia que não é tua nem de ninguem.Faz frio sem cessar lá fora. Ainda bem que estamos cá dentro, pensou, dentro de nós, dentro um do outro como sementes protegidas do que anda por aí. Continuou a reflectir, que significaria estar dentro?
Ninguem consegue estar dentro de ninguém, salvo em momentos em que a natureza e o ser humano se conseguem mutarnos sentimentos e nos restos mortais de cada um. Mas ele sabia que estavam dentro. Do corpo, da barriga, dos braços, das pernas, das mãos, dos olhos, do cabelo, do coração, sim, porque o coração é uma bela metáfora para o que se desconhece.
É do coração e todo o mundo fica satisfeito devido às generalizações e romantismos impregues naquele orgão que dizem comandar tudo.
Ora, ele sabia que estar dentro não era estar no coração, nem queria lá colocar ninguem para ser feliz, afinal quem gostaria de passar dias e noites num lugar que mais parece um serviço de observação com os seus bip-bip constantes? Um lugar onde entra e sai tanta gente diferente, todos os dias, a todas as horas, que mais parece uma biblioteca cheia de histórias que só a nós interessam.
Não era lá que a queria guardar, não lhe daria um lugar assim. Gostava mais de pensar que estar dentro fazia parte de estar no espirito que é imortal, e contém energia do universo. Onde imaginava ter um arco-iris de cores que acalmam, um lugar onde ela estaria tranquila e poderia descansar uma eternidade dentro de si.
Que bom que é ter-te dentro de mim, a colorir-me o espírito, disse-lhe num tom pouco comum de ser mostrado pelos homens fortes no reflexo do espelho. ela sorriu-lhe com a melhor pose a ser fotografada, segurando delicadamente os musculos que lhe movem as feições. Sentiu a união que os fazia passar dias e noites em poucas conversas e muitas meiguices. Concordavam que no silencio também se tinham optimas conversas.
Passou-lhe a mão pelo rosto, acariciando a pele escondida por de trás da barbaque trazia como campo de ervas daninhas sem organização premeditada. Sabia bem tocar-lhe. sabe sempre bem sentir quem se ama, sentir a sua presença e o calor da realidade.
Não pensavam no toque como algo figurativo de aproximação dos poros, sim era esse o caso, mas não é disso que se trata. Tal como sabiam estar dentro um do outro, também sabiam que não era necessario estarem juntos para esse toqu acontecer.
Há pessoas que nos tocam com os olhos, com as palavras, com as expressões, tocam-nos de tal forma que por vezes até um silencio se torna precioso. Se fará parte da realidade este toque que nada tem para ser explicado, porque não existem palavras, eles não querem saber.
Acendeu-se o escuro entre o toque, é disto que são feitos os sentimentos, da comunhão do que há, da miscelania de sentimentos e toques.
A raiva toca-se com a violencia, o amor toca-se com o carinho, a felicidade toca-se com a alegria, o desespero toca-se com a loucura, o ciúme com a desconfiança, sentimentos tocam sentimentos.
E eles tocaram-se, o frio lá fora, os cabelos revoltos, o caus posto na rua de Inverno semeadas, e a paz lá dentro. Sempre dentro um do outro.
- És bonito.
-Abraça-me...
Ninguem consegue estar dentro de ninguém, salvo em momentos em que a natureza e o ser humano se conseguem mutarnos sentimentos e nos restos mortais de cada um. Mas ele sabia que estavam dentro. Do corpo, da barriga, dos braços, das pernas, das mãos, dos olhos, do cabelo, do coração, sim, porque o coração é uma bela metáfora para o que se desconhece.
É do coração e todo o mundo fica satisfeito devido às generalizações e romantismos impregues naquele orgão que dizem comandar tudo.
Ora, ele sabia que estar dentro não era estar no coração, nem queria lá colocar ninguem para ser feliz, afinal quem gostaria de passar dias e noites num lugar que mais parece um serviço de observação com os seus bip-bip constantes? Um lugar onde entra e sai tanta gente diferente, todos os dias, a todas as horas, que mais parece uma biblioteca cheia de histórias que só a nós interessam.
Não era lá que a queria guardar, não lhe daria um lugar assim. Gostava mais de pensar que estar dentro fazia parte de estar no espirito que é imortal, e contém energia do universo. Onde imaginava ter um arco-iris de cores que acalmam, um lugar onde ela estaria tranquila e poderia descansar uma eternidade dentro de si.
Que bom que é ter-te dentro de mim, a colorir-me o espírito, disse-lhe num tom pouco comum de ser mostrado pelos homens fortes no reflexo do espelho. ela sorriu-lhe com a melhor pose a ser fotografada, segurando delicadamente os musculos que lhe movem as feições. Sentiu a união que os fazia passar dias e noites em poucas conversas e muitas meiguices. Concordavam que no silencio também se tinham optimas conversas.
Passou-lhe a mão pelo rosto, acariciando a pele escondida por de trás da barbaque trazia como campo de ervas daninhas sem organização premeditada. Sabia bem tocar-lhe. sabe sempre bem sentir quem se ama, sentir a sua presença e o calor da realidade.
Não pensavam no toque como algo figurativo de aproximação dos poros, sim era esse o caso, mas não é disso que se trata. Tal como sabiam estar dentro um do outro, também sabiam que não era necessario estarem juntos para esse toqu acontecer.
Há pessoas que nos tocam com os olhos, com as palavras, com as expressões, tocam-nos de tal forma que por vezes até um silencio se torna precioso. Se fará parte da realidade este toque que nada tem para ser explicado, porque não existem palavras, eles não querem saber.
Acendeu-se o escuro entre o toque, é disto que são feitos os sentimentos, da comunhão do que há, da miscelania de sentimentos e toques.
A raiva toca-se com a violencia, o amor toca-se com o carinho, a felicidade toca-se com a alegria, o desespero toca-se com a loucura, o ciúme com a desconfiança, sentimentos tocam sentimentos.
E eles tocaram-se, o frio lá fora, os cabelos revoltos, o caus posto na rua de Inverno semeadas, e a paz lá dentro. Sempre dentro um do outro.
- És bonito.
-Abraça-me...
domingo, junho 25, 2006
Carta que nem coragem teria para escrever
Resolvi pegar numa coragem que nunca terei e dizer-te as coisas que nunca terias coragem para ouvir, porque não me levarias a sério ou porque eu te diria a meio que estavas a cair na minha brincadeira. Por todos os motivos e mais alguns sempre foi dificil dizer-te o quanto és especial para mim, sem te comprometer, a ti e a mim, num novelo esquisito com nó.
Assim, nunca saberás a quantidade de sorrisos que me colocas no rosto, a quantidade de vezes que faço planos contigo em pensamento, e a quantidade de vezes que me ri-o por ser tola ao faze-los, mas imagino que muitas destas coisas já te tenham passado pela cabeça quando a tua auto-estima sobe cadeiras, e se manda delas abaixo, com a ideia de que estás a pensar alto.
O que é necessario compreender, é que nem um nem outro fala do que lhe vai na cabeça sobre o outro, é o tabu da relação, e talvez seja por isso que seja misteriosa, cheia de pisos em risco, e passos corridos para a antiga posição.
Se algum dia isso acontecer...bem, nem sei... mas espero ouvir um pouco de coisas que também penso, só para não me sentir abandonada. Tu nunca me abandonaste, duas ou tres vezes não são consideradas abandono, por muito que a minha carencia que se entranha nos poros te pedisse por vezes um pouco de mais, como se eu fosse uma criança egoísta, e tu a minha manta para adormecer.
Desde que nos conhecemos que me dá vontade de deixar a música tocar, descalsar os sapatos e fazer da minha vida uma pista de dança até encontrar a tua, deixando a noite vir de mansinho sem que tenhamos muito que pensar, sem planos, sem acelerar, no ritmo certo.
Lembro os dias, as noites, as horas, os segundos, os risos, os choros, e tudo aquilo que já passamos de bom e de mau, como nos construimos como pessoas em versoes paralelas de pessoas que se gostam.
Podes não ter percebido mas sempre tiveste a minha paixão silenciosa, e não penses que é menos sentida ou importante por não ser falada, porque não é das palavras que construo o sentimento mas dos momentos que passamos juntos.
So quero que vejas e compreendas, o que sinto, o que me deste ao longo de todo este tempo é realmente grandioso pela forma discreta como chega até mim, pela forma como me contraria a natureza tão impulsiva de ser.
Preciso de saber se vai ser sempre assim, a boa disposição, os sorrisos, a paixão para sempre, por muito complicado que seja acreditares naquilo que sinto, não te esqueças que sempre acreditamos um no outro, e naquilo que fechei os olhos para não ver. Mas sei que nunca vou saber, e ainda bem.
Acho que não te podia gostar de maneira melhor, gosto de ti exactamente como és, e tudo aquilo que me dás tem sabor especial independentemente daquilo que navega dentro de ti.
Porque não quero mais do que aquilo que me dás, porque pode até parecer palhaçada estas palavras, mas acredita que tem toda a seriedade que lhe consegui imprimir, so sentimentos mais profundos saem sempre em jeito de tolisse para não ficarmos demasiado orgulhosos daquilo que somos realmente para quem gosta de nós.
E eu gosto de ti exactamente como tu és*
=D
Assim, nunca saberás a quantidade de sorrisos que me colocas no rosto, a quantidade de vezes que faço planos contigo em pensamento, e a quantidade de vezes que me ri-o por ser tola ao faze-los, mas imagino que muitas destas coisas já te tenham passado pela cabeça quando a tua auto-estima sobe cadeiras, e se manda delas abaixo, com a ideia de que estás a pensar alto.
O que é necessario compreender, é que nem um nem outro fala do que lhe vai na cabeça sobre o outro, é o tabu da relação, e talvez seja por isso que seja misteriosa, cheia de pisos em risco, e passos corridos para a antiga posição.
Se algum dia isso acontecer...bem, nem sei... mas espero ouvir um pouco de coisas que também penso, só para não me sentir abandonada. Tu nunca me abandonaste, duas ou tres vezes não são consideradas abandono, por muito que a minha carencia que se entranha nos poros te pedisse por vezes um pouco de mais, como se eu fosse uma criança egoísta, e tu a minha manta para adormecer.
Desde que nos conhecemos que me dá vontade de deixar a música tocar, descalsar os sapatos e fazer da minha vida uma pista de dança até encontrar a tua, deixando a noite vir de mansinho sem que tenhamos muito que pensar, sem planos, sem acelerar, no ritmo certo.
Lembro os dias, as noites, as horas, os segundos, os risos, os choros, e tudo aquilo que já passamos de bom e de mau, como nos construimos como pessoas em versoes paralelas de pessoas que se gostam.
Podes não ter percebido mas sempre tiveste a minha paixão silenciosa, e não penses que é menos sentida ou importante por não ser falada, porque não é das palavras que construo o sentimento mas dos momentos que passamos juntos.
So quero que vejas e compreendas, o que sinto, o que me deste ao longo de todo este tempo é realmente grandioso pela forma discreta como chega até mim, pela forma como me contraria a natureza tão impulsiva de ser.
Preciso de saber se vai ser sempre assim, a boa disposição, os sorrisos, a paixão para sempre, por muito complicado que seja acreditares naquilo que sinto, não te esqueças que sempre acreditamos um no outro, e naquilo que fechei os olhos para não ver. Mas sei que nunca vou saber, e ainda bem.
Acho que não te podia gostar de maneira melhor, gosto de ti exactamente como és, e tudo aquilo que me dás tem sabor especial independentemente daquilo que navega dentro de ti.
Porque não quero mais do que aquilo que me dás, porque pode até parecer palhaçada estas palavras, mas acredita que tem toda a seriedade que lhe consegui imprimir, so sentimentos mais profundos saem sempre em jeito de tolisse para não ficarmos demasiado orgulhosos daquilo que somos realmente para quem gosta de nós.
E eu gosto de ti exactamente como tu és*
=D
domingo, junho 18, 2006
Amor, Amor, Amor....
Muito se fala, muito se escreve, mas será que alguma vez nos aproximamos daquilo que o sentimento é na sua totalidade?
Para mim Amor pode ser Azul, para o outro pode ser amarelo, será menos Amor se mudar de cor? Duvido, e duvido de muitas formas porque sou de uma espécie que gosta de analisar aquilo de que não se fala...Eu sinto, tu sentes, ele sente, nós sentimos, mas será que sentimos alguma vez, por algum instante minusculo que seja a mesma coisa?
Bem duvido conseguir responder à pergunta por muito que a minha cabeça divague sobre as banalidades do assunto, saturado até se conseguir fazer tranças com um unico fio de cabelo.
O facto é que algo de muito misterioso acontece, as ideias, os olhares, as disposições, os sentimentos, acordam muito perto dos da outra pessoa, e sem se esperar dá-se o eclipse da miscelania que vai cá dentro e dá-se a paixão. Mas assim como explicamos as "paixões impostas"??? Sim, algumas são impostas, não significam que tenham de ser respeitadas ou sempre cheias de paixão, mas e a mãe, e o pai, e a avó, e o primo, e o tio, e o avô???? Não é Amor? Qual foi o minuto em que nos apaixonamos ou nos desapaixonamos por eles?
Não sei, mais uma vez não sei....
Depois somos felizes, o mundo fica cor-de-rosa, amarelo, verde, da cor que se quer, somos felizes, queremos morrer naquele dia porque estamos realizados, porque tudo vale a pena agora, porque tudo agora é para a vida inteira se o sempre não existir. Não atendemos as chamadas do telefone, não lemos as mensagens do telemovel que não são do outro ser em equilibrio energético com o nosso, não precisamos das nossas outras paixões durante uns tempos, ou pelo menos julgamos que não...e quando acaba? deixa de ser Amor?
Metade das pessoas que conheço, inclusivé eu, começa logo com aquelas fugas da realidade, "Ah foi melhor assim, agora vamos ser felizes", "Eu também não gostava assim muito dela", e porque? Quando acaba o Amor é menos Amor? Porque é que umas vezes queremos morrer porque nos falta a outra asa, e outras vezes ganhamos asas para voar mais longe? Para mim o amor só faz sentido quando acaba, deve ser por isso que gosto de coisas que não fazem sentido algum. Não era Amor? Ah, então uns são mais Amor que outros...pois deve ser...há os grandes Amores, os enganos, os acasos, e os outros. (Porque onde quer que se vá, ou do que quer que se fale há sempre aquela(s) pessoa(s) que se denomia o(s) outro(s) )
Então voltamos à vida térrea, o chão está no lugar é a primeira constactação, os amigos de sempre andam pelos sitios de sempre, ou talvez tenham saído do chão enquanto te ausentast, a vida continua pacata, e o Amor? Não, agora voltas às paixões de sempre, sim porque agora essas é que são importantes para os maus momentos, afinal eles nunca abandonam ninguém. As paixões que parmanecem são sempre Amor, até à proxima descolagem.
(Desabafo de inveja a quem anda nas alturas....porque à coisas que me fazem pensar de mais )
sábado, maio 06, 2006
domingo, abril 30, 2006
Confusão
Confusão.
Nem mais, nem menos. Isto: sinto-te a falta de uma forma estranha de sentir, Minha ou tua. Sentimos os dois aquilo que corre nos braços e nas pernas. Aquilo que corre no peito, Aquilo que pulsa forçosamente, Num abalar inquieto, numa plenitude forçada de existir. Mas não existo somente na pulsação, Nada existe para além da pulsação, Se não se o é.
Confusão.
O mundo é demasiado profundo e cozido a linha transparente Deixamos de ver a costuras da vida, Onde partimos rompendo ponto a ponto No doer as memórias E as fibras que dão lugar aos sentimentos Que se sentem mas não se olham. Dia após dia. Um, dois, três. Três pontos de costura enviusada cortados Num sentir amaldiçoado que Se sentem e não se olha. Somos cegos das paixões dos dias, Morcegos famintos da luz que brilha, Mas não cessamos o fechar de olhos.
Não cesso. Fecho. A fechadura que colei onde tu estás, Onde está a chave, Onde o mundo começa e termina no mesmo segundo acelerado. Corre, tão depressa que chego a sentir Os fios de vento lisos como a àgua a lamberem-me o rosto, Tão depressa. E paro. Parei.Agora.
Confusão.
Quero-te aqui, protege-me, agarra-me, Não cesses, abraça-me, aquece-me, ama-me, Reconforta-me os brilhos das asas ao vento De quando éramos pássaros dos dias, peço-te. Peço-te tanto. Não tenho nada. Tu dás. Eu não aceito.
Confusão.
Não leio para lá dos olhos, Não leio os livros nem as almas De um passar triturante de corpos deitados na areia em vidro, Não sei ler, Desconheço-te os sinais que não te quero ler. Mentira.
É noite. Hoje e sempre. Quero-te dormir no abraço apertado, Mas no instante seguinte de um tempo demorado não és tu, Eu não quero, Já não existes, És miragem no rosto de alguém que não és tu, Mas és. Ilusão, mais uma noite, Mais uma história encanta de princesas de tule negro nos vestidos, E de príncipes rotos e sujos de purpurinas.Calma.Tu existes-me.És realidade.
Porque durmo ainda nos sonhos de um passado longínquo de ontem,E não vejo que o sonho me despertou para a realidade que sonhamos iludidos,Existimos de novo.Queres-me e não me queres porque eu não sei.Nó na garganta, nó na perna, nó na cabeça, nó no coração,E dói.E volta a doer.Porque sim e porque não.
Confusão.
Nem mais, nem menos. Isto: sinto-te a falta de uma forma estranha de sentir, Minha ou tua. Sentimos os dois aquilo que corre nos braços e nas pernas. Aquilo que corre no peito, Aquilo que pulsa forçosamente, Num abalar inquieto, numa plenitude forçada de existir. Mas não existo somente na pulsação, Nada existe para além da pulsação, Se não se o é.
Confusão.
O mundo é demasiado profundo e cozido a linha transparente Deixamos de ver a costuras da vida, Onde partimos rompendo ponto a ponto No doer as memórias E as fibras que dão lugar aos sentimentos Que se sentem mas não se olham. Dia após dia. Um, dois, três. Três pontos de costura enviusada cortados Num sentir amaldiçoado que Se sentem e não se olha. Somos cegos das paixões dos dias, Morcegos famintos da luz que brilha, Mas não cessamos o fechar de olhos.
Não cesso. Fecho. A fechadura que colei onde tu estás, Onde está a chave, Onde o mundo começa e termina no mesmo segundo acelerado. Corre, tão depressa que chego a sentir Os fios de vento lisos como a àgua a lamberem-me o rosto, Tão depressa. E paro. Parei.Agora.
Confusão.
Quero-te aqui, protege-me, agarra-me, Não cesses, abraça-me, aquece-me, ama-me, Reconforta-me os brilhos das asas ao vento De quando éramos pássaros dos dias, peço-te. Peço-te tanto. Não tenho nada. Tu dás. Eu não aceito.
Confusão.
Não leio para lá dos olhos, Não leio os livros nem as almas De um passar triturante de corpos deitados na areia em vidro, Não sei ler, Desconheço-te os sinais que não te quero ler. Mentira.
É noite. Hoje e sempre. Quero-te dormir no abraço apertado, Mas no instante seguinte de um tempo demorado não és tu, Eu não quero, Já não existes, És miragem no rosto de alguém que não és tu, Mas és. Ilusão, mais uma noite, Mais uma história encanta de princesas de tule negro nos vestidos, E de príncipes rotos e sujos de purpurinas.Calma.Tu existes-me.És realidade.
Porque durmo ainda nos sonhos de um passado longínquo de ontem,E não vejo que o sonho me despertou para a realidade que sonhamos iludidos,Existimos de novo.Queres-me e não me queres porque eu não sei.Nó na garganta, nó na perna, nó na cabeça, nó no coração,E dói.E volta a doer.Porque sim e porque não.
Confusão.
domingo, março 26, 2006
Força
Existe uma força que sopra cintilante, sem saber o que há em sua volta, uma força fininha e poderosa, que segura as amarras daquilo que somos ou julgamos ser, esse paradoxo sem nome que nos perturba as razões adquiridas ao longo dos tempos, a força.
Existe uma força que no seu esplendor julgamos ser inabalável, que julgamos detentora de todas as coisas boas, de todos os impulsos felizes que nos ocorrem, pode ser inspiração, mas pode ser muito mais, a inspiração só é aproveitada já no seu final, daí a criação ser sempre um milésimo daquilo que poderia ser uma apoteose de tudo. Imagino o que seria se essa força fosse canalizada logo no seu momento inicial, imagino o brilho incessante da força que cegava qualquer um no seu visionamento, um abrir de janela iluminada sem culpa depois da noite escura. A força não precisa de ser tudo, quando não se tem nada ela não existe...existe, ela nunca deixa de existir, mas não brilha é anónima na sua cor, no seu brilho, os olhos são cegos à luz, e como não a vislumbramos esquecemo-nos da sua existência, perdemos o caminho da sua luz e seguimos um caminho contrário, um caminho onde não há motivos nem razões, e onde não paramos de tactear o chão na busca do que não existe.
Existe uma força, e existem as explicações, exigimos sempre explicações, motivos, porquês, papeis, livros, frases, poesias, relatórios que não existem, o coração não tem arquivo destas coisas, não há lugar para isso nele, gostamos de tal maneira que os únicos arquivos são filmes e fotografias muitas vezes em silêncio, é tão pequeno que quase nem cabem as palavras. É tão limitado que só fica o importante, a semente da força cintilante, que arrasa mundos e castelos encantados, porque o único paradoxo do coração é o real e a imaginação, não há limites, distancias, definições, finais, nada, nada termina, nem nada acaba, o coração é o único que não perturba o seu ritmo na vida, só o coração é constante de amar as forças.
Existe uma força, que não damos valor, porque a adquirimos sem sabermos como o jornal que se folheia em desdém de manha porque nos impuseram que temos de saber tudo o que acontece, porque é bom nos distrairmos com os problemas dos outros quando deixamos de ver a força.
(não consegui acabar esta coisa sem jeito......ficou assim até à próxima onda boa de apanhar, ou até conseguir ver a força de novo)
Existe uma força que no seu esplendor julgamos ser inabalável, que julgamos detentora de todas as coisas boas, de todos os impulsos felizes que nos ocorrem, pode ser inspiração, mas pode ser muito mais, a inspiração só é aproveitada já no seu final, daí a criação ser sempre um milésimo daquilo que poderia ser uma apoteose de tudo. Imagino o que seria se essa força fosse canalizada logo no seu momento inicial, imagino o brilho incessante da força que cegava qualquer um no seu visionamento, um abrir de janela iluminada sem culpa depois da noite escura. A força não precisa de ser tudo, quando não se tem nada ela não existe...existe, ela nunca deixa de existir, mas não brilha é anónima na sua cor, no seu brilho, os olhos são cegos à luz, e como não a vislumbramos esquecemo-nos da sua existência, perdemos o caminho da sua luz e seguimos um caminho contrário, um caminho onde não há motivos nem razões, e onde não paramos de tactear o chão na busca do que não existe.
Existe uma força, e existem as explicações, exigimos sempre explicações, motivos, porquês, papeis, livros, frases, poesias, relatórios que não existem, o coração não tem arquivo destas coisas, não há lugar para isso nele, gostamos de tal maneira que os únicos arquivos são filmes e fotografias muitas vezes em silêncio, é tão pequeno que quase nem cabem as palavras. É tão limitado que só fica o importante, a semente da força cintilante, que arrasa mundos e castelos encantados, porque o único paradoxo do coração é o real e a imaginação, não há limites, distancias, definições, finais, nada, nada termina, nem nada acaba, o coração é o único que não perturba o seu ritmo na vida, só o coração é constante de amar as forças.
Existe uma força, que não damos valor, porque a adquirimos sem sabermos como o jornal que se folheia em desdém de manha porque nos impuseram que temos de saber tudo o que acontece, porque é bom nos distrairmos com os problemas dos outros quando deixamos de ver a força.
(não consegui acabar esta coisa sem jeito......ficou assim até à próxima onda boa de apanhar, ou até conseguir ver a força de novo)
sábado, fevereiro 18, 2006
O poder do agora....
O tempo passa numa monotonia extrema, tudo muda na inércia dos dias, a roupa que trazemos vestida, as folhas das arvores, os humores, os livros da escola, as peles que esticam e encolhem, as rugas que crescem, os ossos que incham com o ar, e sem darmos por nada parece que a nossa história dos minutos e segundos já enxia uma biblioteca.
Não me senti a crescer, e quando olho para trás mesmo por de trás das lentes grossas dos olhos já miupes como se fossem comidos pelo sol, vislumbro-nos em cima de cadeiras a trocar carinhos fazendo de conta que eramos já gente muito crescida. Sempre pensamos que éramos muito grandes, que os adultos eram parvos em não comprender que éramos nós, o romeu e a julieta que tinham vindo de novo adoçar o mundo com novas aventuras.
Hoje lemos as histórias, e as palavras que não foram ditas nos lábios e nos olhos um do outro, porque é ai onde o coração nos fala dos silencios que deviamos ter trocado enquanto o que saiam eram ruídos de quem não sabe o que diz, e tantas vezes não soubemos ler o que realmente queriamos dizer. Já o outro cantava, demasiado amor acaba por matar amor, por te matar a ti, porque vidas temos só uma, mas a alma podemos perder pedaços sem grandes alterações fisicas. Perdemos tantos pedaçinhos de alma ás custa um do outro, era sentimento a mais para quem não sabia nem fazer inequações de segundo e terceiro grau, e como tal acabamos por sofrer nas mãos um do outro por não sabermos o que fazer ao amor.
O sofrimente é algo que transcende o ser humano, achamos nós, que não aguentamos, que só nos acontece a nós, batalhas perdidas. Porque será que nunca consideramos esta batalha perdida? Maior parte das pessoas entregava-se ao sofrimento e não à racionalidade, mas nós não, nunca.O nosso erro nunca se encontrou na derrota, mas sim na busca eterna da vitória para nós, porque o que vivemos sempre consideramos ser o melhor da vida.
O agora que se vive tornasse dificil de aceitar tão crualmente, porque parece que todos os caminhos foram os errados, porque sempre escolhemos aquele que nos levava para longe do que cad aum considerava a meta.
No dia e hora em que se toma a consciência de que o único momento que existe é o Presente lembramo-nos que o passado não passa de um aglomerado de cartas de amor e fotografias tiradas em cenários romanticos e que no futuro sera dificil de imprimir essas mesmas expressões que outrora trouxemos no rosto.
O único momento que existe é o agora. O passado e o futuro são os apoios do ego. Por isso não se pode estar no presente, enquanto nos identificarmos com a mente.
(...)
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Não estás
Sábado à noite. Passaram apenas uns minutos desde que me deixaste aqui perdida em pensamentos encostada à janela onde o teu reflexo é ainda visível. Vi-te chegar lá em baixo, vi-te procurar a chave duas vezes nos bolsos, vi-te a sorrir-me, e vi-te ainda a entrar no carro e a partir. Apetecia-me correr atrás de ti, mesmo nestes trajes de trazer por casa e gritar com todas as minhas forças para não partires. O tempo saqueou me o coração e levou-me com ele a viajar por todos os minutos antes, quando entraste em minha casa, quando pousaste o casaco sobre o sofá, quando olhaste para o fogão e pensaste que estaria eu a fazer, quando me encontraste descansada de um dia no sofá. Pausa. Deixo-me ficar presa naquele instante preso na minha memória, vejo-te encostado a mim, beijaste-me, juro que conseguiria ficar presa naquele instante eternamente se não fosse esse inútil do tempo, que me apaga os momentos, que me faz ir até a solidão todas as noites só por capricho, quando eu queria era voltar atrás.
Deixo a memória rolar. Play. Sentaste-te a meu lado deixaste que me aninhasse nos teus baços e ficamos ali como se fossemos obrigados a sentir os nossos corpos colados, como se fosse um castigo sentir-me protegida, ter-te junto a mim, como se houvesse alguma coisa que nos unia, e nos fazia querer ficar, agora sempre, e para sempre. Pausa. Corro para o sofá, o teu cheiro está lá, tão presente, há restos de amor e de solidão, e tu tão distante, quem me dera ter-te de novo comigo, dormir no teu abraço, fazer parte de ti. As memórias daquela noite continuam a percorrer-me os sentidos, o corpo não resiste, aninhada na solidão e no silêncio, deixo-me levar pelo sono.
O amor é a poesia da sabedoria, quando acaba todas frases fazem sentido, todos os gestos tem finalmente uma resposta, e tudo porque acaba a aula e podes colocar em prática o que viveste. O amor só faz sentido quando termina. Só ai consegues tirar a venda dos olhos e ver realmente o que tocaste, por onde passaste, e até onde te perdeste tantas vezes, sem quereres saber quem era, o que fazias, quem eras tu ali.
Aproveito-me desta cegueira temporária para poder errar na razão, para justificar os meus actos meio tresloucados, para poder ser eu, mas contigo.
Um sonho desperta-me de novo, chamo por ti. Não estás.
Deixo a memória rolar. Play. Sentaste-te a meu lado deixaste que me aninhasse nos teus baços e ficamos ali como se fossemos obrigados a sentir os nossos corpos colados, como se fosse um castigo sentir-me protegida, ter-te junto a mim, como se houvesse alguma coisa que nos unia, e nos fazia querer ficar, agora sempre, e para sempre. Pausa. Corro para o sofá, o teu cheiro está lá, tão presente, há restos de amor e de solidão, e tu tão distante, quem me dera ter-te de novo comigo, dormir no teu abraço, fazer parte de ti. As memórias daquela noite continuam a percorrer-me os sentidos, o corpo não resiste, aninhada na solidão e no silêncio, deixo-me levar pelo sono.
O amor é a poesia da sabedoria, quando acaba todas frases fazem sentido, todos os gestos tem finalmente uma resposta, e tudo porque acaba a aula e podes colocar em prática o que viveste. O amor só faz sentido quando termina. Só ai consegues tirar a venda dos olhos e ver realmente o que tocaste, por onde passaste, e até onde te perdeste tantas vezes, sem quereres saber quem era, o que fazias, quem eras tu ali.
Aproveito-me desta cegueira temporária para poder errar na razão, para justificar os meus actos meio tresloucados, para poder ser eu, mas contigo.
Um sonho desperta-me de novo, chamo por ti. Não estás.
Vazio
Vazio porque não sobrou mais nada….Sinto-me como se um vestido de festa, que é tratado com cuidado, que faz sucesso, que brilha e ilumina um corpo, feito de materiais caros que simulam ilusões naqueles que o invejam, são os brilhos, as pedras, e toda a fantasia, que naquela noite vai dormir no chão para depois ser arrumado a um canto, porque já passou o seu momento de glória.
Fui usada, fui humilhada, tratada que nem um objecto….Odeio tudo e todos, pelos sentimentos que me obrigam a nutrir, fizeram me sentir especial tiraram proveito e agora que a festa acabou, ficaram as marcas de baton, os discos partidos, e os brilhos no chão.
Ninguém tem o direito de possuir uma alma, sem saber o que se passa no coração, não vale a pena procurarem o botão agora, ele não existe não da para desligar, toda gente sabe que não….isto é uma doença, sinto nojo de um corpo que até me pertence, um corpo que atrai e que repele aqueles que passam por perto, onde a beleza se esconde por timidez num sorriso sem brilho. Não passo de um corpo que exalta movimentos nobres que chamam a atenção de alguns, só represento isto para vocês, como se fosse uma almofada onde encostam a cabeça e desabafam, e onde descarregam a raiva quando o mundo inteiro vos virou as costas por não valerem nada ou por não saberem dar valor.
Não sou mulher objecto, não sou boneca de trapos que se pega e larga por não dar jeito agora, não sou efemeridade de espécie alguma, sou eu corrente permanente, um padrão estável e único de características e comportamentos próprios de um indivíduo.
Estou cheia de me sentir vazia, no fundo do poço, cheia de estar no meio de tanta gente e mesmo assim continuar sozinha.
Que morra junto com o ódio que sinto, a vossa vontade de estar comigo, só porque até sabe bem, ou porque não há mais ninguém a quem a recorrer, porque eu continuo aqui sempre disposta a cair no mesmo erro….
As almas são incomunicáveis.Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.Porque os corpos se entendem, mas as almas não...
(Manuel Bandeira)
Fui usada, fui humilhada, tratada que nem um objecto….Odeio tudo e todos, pelos sentimentos que me obrigam a nutrir, fizeram me sentir especial tiraram proveito e agora que a festa acabou, ficaram as marcas de baton, os discos partidos, e os brilhos no chão.
Ninguém tem o direito de possuir uma alma, sem saber o que se passa no coração, não vale a pena procurarem o botão agora, ele não existe não da para desligar, toda gente sabe que não….isto é uma doença, sinto nojo de um corpo que até me pertence, um corpo que atrai e que repele aqueles que passam por perto, onde a beleza se esconde por timidez num sorriso sem brilho. Não passo de um corpo que exalta movimentos nobres que chamam a atenção de alguns, só represento isto para vocês, como se fosse uma almofada onde encostam a cabeça e desabafam, e onde descarregam a raiva quando o mundo inteiro vos virou as costas por não valerem nada ou por não saberem dar valor.
Não sou mulher objecto, não sou boneca de trapos que se pega e larga por não dar jeito agora, não sou efemeridade de espécie alguma, sou eu corrente permanente, um padrão estável e único de características e comportamentos próprios de um indivíduo.
Estou cheia de me sentir vazia, no fundo do poço, cheia de estar no meio de tanta gente e mesmo assim continuar sozinha.
Que morra junto com o ódio que sinto, a vossa vontade de estar comigo, só porque até sabe bem, ou porque não há mais ninguém a quem a recorrer, porque eu continuo aqui sempre disposta a cair no mesmo erro….
As almas são incomunicáveis.Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.Porque os corpos se entendem, mas as almas não...
(Manuel Bandeira)
Denuncia
Não compreendo porque as palavras em nós se amarram num silêncio perturbador, tento faze-las sair mas não consigo.
O que sinto intimida-me por não ser correcto, por ter criado uma ideia dentro de mim que estou errada, que não podemos ser.
Vivemos lado a lado com um muro transparente entre nós, fazemos tudo o que os sentimentos mandam, só não nos ouvimos nas palavras mágicas, só não nos inebriamos no aroma do toque.
Não conheço a natureza desta barreira, porque apareceu aqui, porque nos escolheu, ou porque decorou ela os nossos nomes, e nos encheu a cabeça de medos, e fantasmas de futuros que nunca chegarão.
Medo que me faz pensar que te gosto no mesmo instante em que não passas de um qualquer, de um outro mais, um nome perdido no meio de livros e cadernos que teimo em encher.
Vivemos num constante campeonato, tentando provar um ao outro que conseguimos mais, que vivemos muito mais um sem o outro. Passamos o pano frio pelos olhos, é tão bom poder ver só aquilo que queremos, e é assim que nos vamos habituando à ausência de nós mesmos.
Fazemo-nos sentir em confusão permanente, ondas do mar que vão e vem, e trazem sempre a mesma maré, as mesmas águas, os mesmos gostos, o mesmo gostar.
Nunca nos perderemos nos sentidos, não sei se por respeito, se por timidez de não sermos os ideais imaginados um do outro. Andaremos uma vida em buscas de aventuras e desafios, de ideias, de metades, de espelhos, e dos complementos, mas saberemos sempre, que existe o outro lado do muro, onde os sentimentos não falam e não se tocam corpos, onde somos desconhecidos, por nos conhecermos tão bem.
O que sinto intimida-me por não ser correcto, por ter criado uma ideia dentro de mim que estou errada, que não podemos ser.
Vivemos lado a lado com um muro transparente entre nós, fazemos tudo o que os sentimentos mandam, só não nos ouvimos nas palavras mágicas, só não nos inebriamos no aroma do toque.
Não conheço a natureza desta barreira, porque apareceu aqui, porque nos escolheu, ou porque decorou ela os nossos nomes, e nos encheu a cabeça de medos, e fantasmas de futuros que nunca chegarão.
Medo que me faz pensar que te gosto no mesmo instante em que não passas de um qualquer, de um outro mais, um nome perdido no meio de livros e cadernos que teimo em encher.
Vivemos num constante campeonato, tentando provar um ao outro que conseguimos mais, que vivemos muito mais um sem o outro. Passamos o pano frio pelos olhos, é tão bom poder ver só aquilo que queremos, e é assim que nos vamos habituando à ausência de nós mesmos.
Fazemo-nos sentir em confusão permanente, ondas do mar que vão e vem, e trazem sempre a mesma maré, as mesmas águas, os mesmos gostos, o mesmo gostar.
Nunca nos perderemos nos sentidos, não sei se por respeito, se por timidez de não sermos os ideais imaginados um do outro. Andaremos uma vida em buscas de aventuras e desafios, de ideias, de metades, de espelhos, e dos complementos, mas saberemos sempre, que existe o outro lado do muro, onde os sentimentos não falam e não se tocam corpos, onde somos desconhecidos, por nos conhecermos tão bem.
Um dia hei-de ser anjo- alma do avesso
Quando me vi no espelho pela manha, observei-lhe as costuras certinhas, todas alinhadas num nylon branco, foi bordada à mão, cada ponto foi dado com dor para eu na vida transformar em amor. Tinha vestido a alma do avesso hoje, com as asas presas do lado de dentro mas que importa hoje nem parece ser dia de voar nas minhas fantasias.
Sai pelas ruas, olhos nos olhos com as pedras da calçada, uma e outra, ali estão elas nos mesmos lugares de sempre, é preciso vestir a alma ao contrário para reparar nas insignificâncias que nos caem de cima sem percebermos e mancham os casacos quando andamos na rua, coisas que nos cobrem os dias. As pedras de sempre por mim pisadas uns dias umas, quase todas calcadas mas só hoje vistas pela ligeira inclinação da minha cabeça provocada por ideias que não dormem há muito na minha que não aguentam o corpo sobre as pernas, que são pesos mortos.
Não vi as pessoas que se cruzavam comigo nesta jornada de correrias, de coisas por fazer, de coisas para ver, de coisas para comprar, de coisas por dizer, de coisas para pensar, mas sempre a andar, os rostos, os sorrisos, as preocupações, essas coisas que vem impressas que nem jornais da manha, não as vi, queria só respirar o ar que tinha pela frente e que me empurrava os cabelos contra o destino.
Hoje não está tempo para voar, parei, a delicadeza da alma sobre a pele e as penas das asas amachucadas pelas fibras daquela vestimenta tão nobre afligem-me à medida que tento avançar, sentimentos descontínuos, luzes que acendem e apagam nas janelas desta cidade, luz e escuridão, no terceiro andar, no sétimo andar, um pisca-pisca que me arde nos olhos cá dentro como se fosse perseguida pela luz e pela escuridão enquanto as pedras lá em baixo me seguram os pés para não fugir para longe, para se sentirem protegidas, para não serem pisadas por almas sujas como a minha.
Vou voltar para trás, tenho as asas sujas da vida a picarem-me a pele ferida pela vida, tanta fuligem que vejo caída pelo corpo que me sinto tentada a pensar que não se aproveita nada de puro e verdadeiro em mim.
Janelas que se acendem e apagam, brilham nos meus olhos só hoje as vêem porque vesti a alma ao contrário ninguém reparou no meu corpo tombado, que o vento abraça com a poeira.
Vou voltar a adormecer. Amanha coloco alma no lugar, foi um sonho porque as asas estão sempre dispostas a voar.
medo de?
Oiço um eco na minha cabeça, qualquer coisa que grita cá dentro até lhe saltar o espírito.
Em que caminho ando eu a pisar os dias, será tudo isto realidade ou serei eu que me tento refugiar em fantasias, daquelas que se vestem em Fevereiro para sermos quem não somos, para sermos mais, menos, ou mais ou menos aquilo que queremos ser.
Tentei esconder todos estes receios numa caixa mas eles eram tantos que muitos ficaram entalados nos rebordos onde a tampa e a caixa de beijam, sinto-os a gemer de dor por não fazerem parte nem de dentro nem de fora, estão perdidos na sua realidade.
Agora não posso fazer nada. Não sei se alguém os ouve ao longe, não sei se alguém percebeu o que me aflige a alma, que me deixa arrepiada e cheia de traças na barriga e me faz cair crua no abismo que é a minha vida.
Tenho um labirinto na direcção do olhar, não sei explicar a ninguém como sair de lá, nem sei como cheguei aqui, quanto mais como se cruzam os pés dentro de paredes sem tecto.
Acho que preciso de algo que me faz fugir durante o seu encontro, não devia ser assim, mas as forças estão descontroladas, já não sei qual é o norte, acho até que encontrei o sul perdido.
Tenho o espírito doente com tanta confusão, só espreitei um pouco para ver os seus contornos e só vi linhas em nós, laços apertados, fibras gastas e comidas pelo sol. Fechei os olhos. O medo invade-me a cada passo que dou, à medida que troco o meu peso de pé para pé, de sapato em sapato se os tivesse calçados. Não quero andar. Tenho medo de não ter força para abrir os olhos antes da chegada do abismo. Mas qual abismo? Vejo-me lá no fundo mesmo sem abrir os olhos, vejo um corpo estendido lá em baixo, não é o meu, um corpo mais forte, terá caído antes de mim? Será que caí?
Oiço um eco na minha cabeça, qualquer coisa que grita cá dentro até lhe saltar o espírito. Medo de não ser, medo de não conhecer, medo de não conseguir entrar-te na vida, medo de tudo. Mas porquê medo?
Sinto-me um ponto final. Igual ao último que se leu, ao último que não viste porque não ligas a pontuação, pergunto se alguém se apercebeu conscientemente do valor deste sinal detector de atenções? Será que todas histórias acabam num ponto final? Qual é a história que vais escrever depois de mim?
Em que caminho ando eu a pisar os dias, será tudo isto realidade ou serei eu que me tento refugiar em fantasias, daquelas que se vestem em Fevereiro para sermos quem não somos, para sermos mais, menos, ou mais ou menos aquilo que queremos ser.
Tentei esconder todos estes receios numa caixa mas eles eram tantos que muitos ficaram entalados nos rebordos onde a tampa e a caixa de beijam, sinto-os a gemer de dor por não fazerem parte nem de dentro nem de fora, estão perdidos na sua realidade.
Agora não posso fazer nada. Não sei se alguém os ouve ao longe, não sei se alguém percebeu o que me aflige a alma, que me deixa arrepiada e cheia de traças na barriga e me faz cair crua no abismo que é a minha vida.
Tenho um labirinto na direcção do olhar, não sei explicar a ninguém como sair de lá, nem sei como cheguei aqui, quanto mais como se cruzam os pés dentro de paredes sem tecto.
Acho que preciso de algo que me faz fugir durante o seu encontro, não devia ser assim, mas as forças estão descontroladas, já não sei qual é o norte, acho até que encontrei o sul perdido.
Tenho o espírito doente com tanta confusão, só espreitei um pouco para ver os seus contornos e só vi linhas em nós, laços apertados, fibras gastas e comidas pelo sol. Fechei os olhos. O medo invade-me a cada passo que dou, à medida que troco o meu peso de pé para pé, de sapato em sapato se os tivesse calçados. Não quero andar. Tenho medo de não ter força para abrir os olhos antes da chegada do abismo. Mas qual abismo? Vejo-me lá no fundo mesmo sem abrir os olhos, vejo um corpo estendido lá em baixo, não é o meu, um corpo mais forte, terá caído antes de mim? Será que caí?
Oiço um eco na minha cabeça, qualquer coisa que grita cá dentro até lhe saltar o espírito. Medo de não ser, medo de não conhecer, medo de não conseguir entrar-te na vida, medo de tudo. Mas porquê medo?
Sinto-me um ponto final. Igual ao último que se leu, ao último que não viste porque não ligas a pontuação, pergunto se alguém se apercebeu conscientemente do valor deste sinal detector de atenções? Será que todas histórias acabam num ponto final? Qual é a história que vais escrever depois de mim?
Jantar a dois
As horas percorrem círculos em volta daquele jantar como se fossem cavalos de corrida silenciosos. O barulho dos talheres no toque com o prato, orquestra da noite, exclusividade dos nossos ouvidos e dos que se encontram ao nosso redor, embalam a conversa que de inicio parecia perra e difícil mas que com o colar dos lábios nos copos em silencio de crime flúi tão levemente que acho que estamos a conversar desde sempre.
Gosto da maneira como me olhas enquanto falas seja de que assunto for, não sei se é uma medalha que trazes da guerra permanecer com a expressão inabalável ou se sou eu que te embalo as estrelas que tens no lugar dos postigos castanhos vidrados da tua alma.
O jeito como seguras os talheres leva-me a calçar a imaginação correndo em busca de como será o teu toque em mim, o murmúrio discreto da faca na carne que podia até ser a minha, e o arrepio que escorre agora frio pela minha pele, a maneira como a comida te permanece imóvel no prato, a delicadeza com que os teus dentes num toque canibal se preocupam em não magoar as paisagens que viste por ai, maldita imaginação de ti, não consigo sequer embrulhar os sorrisos para te os entregar.
Tenho-te guardado no meu peito, ai se tu soubesses como cavalgas na minha mente, se soubesses as vezes que realizo por estares tão preso no meu coração já és um pedaço dele. Os sentimentos tem destas coisas, enganam-nos à medida que crescem como aqueles miúdos a que já lhes falta os dentes e sorriem sem medo das maldades.
Tenho de fazer desde um jantar normal, a comida já me observa com certa duvida se vai ser para hoje ou para os cães famintos que aguardam nas traseiras do restaurante porque ninguém lhes quis a vida, mas os meus olhos famintos das tuas palavras não conseguem se apagar dos teus. Ajeito os pés dentro dos sapatos que trouxe para notares como são bonitos os meus pés quando passearmos no final da noite pelos jardins abandonados desta cidade, não que eu acredite que eles sejam, mas tenho de te fazer acreditar nisso para os quereres negociar, para os colocares em tua casa depois de deitares os sapatos fora, não gostas do supérfluo, e é esta a maneira que tenho de me abstrair do álcool que me obriga mil vezes em cada segundo que morre a pensar como será que vai acabar esta história de sempre.
Tocamo-nos sem um gesto programado para sair bem como no teatro, pareço uma miúda de 12 anos com medo do que vai ser o seu primeiro beijo, tu sorris sei-te culpado, os teus olhos reclamam esse juízo. Já descobriste não sei se nas minhas mãos que embalam um verniz já ressequido, ou se nos meus olhos que parecem duas esferas de fogo cintilante, mas descobriste o almejo que me impulsiona.
Ajeitas a gravata num acto desajeitado, um sufoco para a ocasião porque pareces bem assim e sabes disso, mal tu sabes que poderias estar de pijama com bonecos de uma banda desenhada mal elabora que eu te olharia da mesma forma, com a mesma intensidade.
Quem sabe se um dia numa daquelas noites frias depois de um jantar parecido com este, as nossas personagens não se conhecem num abraço terno num anglo bem elaborado.
Vamos acabar este jantar numa sobremesa de céu decorado de milhares de pirilampos reluzentes explodindo de luz, "com as cabeças juntas, segregando banalidades deliciosas na euforia suave do álcool" porque hoje somos embalados desta maneira que amanha na ressaca nos calará a boca por não haver desculpa de ser sincero.
Gosto da maneira como me olhas enquanto falas seja de que assunto for, não sei se é uma medalha que trazes da guerra permanecer com a expressão inabalável ou se sou eu que te embalo as estrelas que tens no lugar dos postigos castanhos vidrados da tua alma.
O jeito como seguras os talheres leva-me a calçar a imaginação correndo em busca de como será o teu toque em mim, o murmúrio discreto da faca na carne que podia até ser a minha, e o arrepio que escorre agora frio pela minha pele, a maneira como a comida te permanece imóvel no prato, a delicadeza com que os teus dentes num toque canibal se preocupam em não magoar as paisagens que viste por ai, maldita imaginação de ti, não consigo sequer embrulhar os sorrisos para te os entregar.
Tenho-te guardado no meu peito, ai se tu soubesses como cavalgas na minha mente, se soubesses as vezes que realizo por estares tão preso no meu coração já és um pedaço dele. Os sentimentos tem destas coisas, enganam-nos à medida que crescem como aqueles miúdos a que já lhes falta os dentes e sorriem sem medo das maldades.
Tenho de fazer desde um jantar normal, a comida já me observa com certa duvida se vai ser para hoje ou para os cães famintos que aguardam nas traseiras do restaurante porque ninguém lhes quis a vida, mas os meus olhos famintos das tuas palavras não conseguem se apagar dos teus. Ajeito os pés dentro dos sapatos que trouxe para notares como são bonitos os meus pés quando passearmos no final da noite pelos jardins abandonados desta cidade, não que eu acredite que eles sejam, mas tenho de te fazer acreditar nisso para os quereres negociar, para os colocares em tua casa depois de deitares os sapatos fora, não gostas do supérfluo, e é esta a maneira que tenho de me abstrair do álcool que me obriga mil vezes em cada segundo que morre a pensar como será que vai acabar esta história de sempre.
Tocamo-nos sem um gesto programado para sair bem como no teatro, pareço uma miúda de 12 anos com medo do que vai ser o seu primeiro beijo, tu sorris sei-te culpado, os teus olhos reclamam esse juízo. Já descobriste não sei se nas minhas mãos que embalam um verniz já ressequido, ou se nos meus olhos que parecem duas esferas de fogo cintilante, mas descobriste o almejo que me impulsiona.
Ajeitas a gravata num acto desajeitado, um sufoco para a ocasião porque pareces bem assim e sabes disso, mal tu sabes que poderias estar de pijama com bonecos de uma banda desenhada mal elabora que eu te olharia da mesma forma, com a mesma intensidade.
Quem sabe se um dia numa daquelas noites frias depois de um jantar parecido com este, as nossas personagens não se conhecem num abraço terno num anglo bem elaborado.
Vamos acabar este jantar numa sobremesa de céu decorado de milhares de pirilampos reluzentes explodindo de luz, "com as cabeças juntas, segregando banalidades deliciosas na euforia suave do álcool" porque hoje somos embalados desta maneira que amanha na ressaca nos calará a boca por não haver desculpa de ser sincero.
falta
Sinto-te a falta. Sinto como se tivesse acabado de escrever o teu nome na lista de faltas do supermercado, não precisas de lá estar, no meio dos iogurtes, do leite, do pão, das bolachas, das massas, dos detergentes milagrosos que nos limpam até a alma no seu marketing épico, no meio dos cremes e de todas as coisas que consideramos oxigénio em casa, mas não estás.
Não te posso colocar naquelas linhas destinadas a futilidades, naquele papel pouco digno de histórias, sem alma, roubado a árvores em vida, não te posso fazer isso.
Não te encontro no supermercado, nas montras das lojas, no meio da ultima colecção de um estilista que por acaso era gay, nos corredores dos centros comerciais, nos caixotes de livros, nos mercados, ou até no mercado negro, onde te podia comprar ilegalmente, sem documentos, com uma identidade diferente, em euros ou em dólares.
Porque será que te quero aqui, não existe um motivo, talvez seja uma daquelas doenças que não se sabe de onde vem mas que acabam por ficar, daquelas para as quais não existe remédio, nem comprimidos, nem xaropes, nem gotas, nada.
É estranho, imagino-te nos lugares meus, vejo-te quando a luz começa a fraquejar e me obriga a ajeitar os óculos para a leitura, encontro-te nas páginas dos meus livros, de onde esta saudade forasteira sem sentido se ocupa de me orientar a vida.
Também se apanham doenças nos supermercados? Ou mesmo nas montras das lojas? Onde será que te contrai? Não quero saber, sinto a tua falta que importa o resto? Onde, quando, porquê… o homem perde-se nas interrogações porque não quer correr atrás de respostas.
Sinto a tua falta. Não sei onde te posso adquirir, mas sei onde estás, longe ou perto, entre duas almas unidas não existe distâncias, mas estás. Na minha rua, no meu quarto, no autocarro, no centro comercial, na praia, no café, em Paris… sendo assim, porque sinto eu a tua falta?
A canção tocou na hora errada
A canção tocou na hora errada, a canção que tentei fazer para ti, para não esqueceres que há tempo de sobra para acabares com a solidão. A canção em que me tentei pintar, para que me sentisses o aroma, o sabor, para que me tocasses num acto de loucura e entrega, como só a musica te consegue prender.
Já não sei de que forma foste embora, mas ainda não me cansei de te esperar, da mesma forma que sei que ainda me esperas. Não entendo como esta melodia se pode tornar uma musica de crianças, onde criamos esperanças de voltar para um lugar de onde nunca conseguimos partir, esperamos o que então?
Maior parte das vezes acho que sei tudo, mas quando o assunto és tu, largo as certezas ao vento, já não sei nada, quem sabe assim, a história muda de figura e voltamos ao que nunca deixamos de ser.
Durante tantas noites adormeci a pensar que no dia seguinte iria aninhar-me em ti e contar-te todas as aventuras por que passei, dizer-te que me fazes falta mesmo estando sempre comigo, e tu ias me receber de braços abertos e encher-me de beijos, ia ser de novo a tua menina, mas nada mudou nos dias seguintes, nos anos seguintes.
Por isso tentei fazer-te uma canção, numa tentativa frustrada de te ter novamente na mão, mas o tempo levou tudo e fiquei sozinha com a minha canção. É por isso que continuo a aperfeiçoar a melodia, os acordes, e as palavras que sei que guardarás no coração, onde eu já estive, onde fui a tua musica, até me perder no meio de nada, até te perder onde não havia nada.
Tantos caminhos sem fim e por onde não voltas, numa encruzilhada onde fomos deixados pela vida com uma ideia somente na cabeça: regressar.
Não posso colocar-te palavras na boca, nem no coração, mas quase juraria que existe ainda qualquer coisa, sinto-o no teu olhar, sinto-o quando te encontro, sinto-o até em todas as memorias que evocamos, sinto porque foste tu quem me fez tocar no céu. Num sentimento tão puro, tão real, tão cheio de tudo, o lugar mais alto do universo onde cheguei, de onde caímos, mas onde estivemos juntos. Será que eras capaz de chegar lá de novo?
Entrego-te as palavras, agora junta-as à melodia do que vivemos, sei que das tuas mãos saíram os acordes, e aqui tens a canção que um dia fiz para ti, para descrever aquilo que já sabes, aquilo que sentes, como eu gosto de ti…
O pedaço que um dia me roubas-te ninguém te tirará…
Já não sei de que forma foste embora, mas ainda não me cansei de te esperar, da mesma forma que sei que ainda me esperas. Não entendo como esta melodia se pode tornar uma musica de crianças, onde criamos esperanças de voltar para um lugar de onde nunca conseguimos partir, esperamos o que então?
Maior parte das vezes acho que sei tudo, mas quando o assunto és tu, largo as certezas ao vento, já não sei nada, quem sabe assim, a história muda de figura e voltamos ao que nunca deixamos de ser.
Durante tantas noites adormeci a pensar que no dia seguinte iria aninhar-me em ti e contar-te todas as aventuras por que passei, dizer-te que me fazes falta mesmo estando sempre comigo, e tu ias me receber de braços abertos e encher-me de beijos, ia ser de novo a tua menina, mas nada mudou nos dias seguintes, nos anos seguintes.
Por isso tentei fazer-te uma canção, numa tentativa frustrada de te ter novamente na mão, mas o tempo levou tudo e fiquei sozinha com a minha canção. É por isso que continuo a aperfeiçoar a melodia, os acordes, e as palavras que sei que guardarás no coração, onde eu já estive, onde fui a tua musica, até me perder no meio de nada, até te perder onde não havia nada.
Tantos caminhos sem fim e por onde não voltas, numa encruzilhada onde fomos deixados pela vida com uma ideia somente na cabeça: regressar.
Não posso colocar-te palavras na boca, nem no coração, mas quase juraria que existe ainda qualquer coisa, sinto-o no teu olhar, sinto-o quando te encontro, sinto-o até em todas as memorias que evocamos, sinto porque foste tu quem me fez tocar no céu. Num sentimento tão puro, tão real, tão cheio de tudo, o lugar mais alto do universo onde cheguei, de onde caímos, mas onde estivemos juntos. Será que eras capaz de chegar lá de novo?
Entrego-te as palavras, agora junta-as à melodia do que vivemos, sei que das tuas mãos saíram os acordes, e aqui tens a canção que um dia fiz para ti, para descrever aquilo que já sabes, aquilo que sentes, como eu gosto de ti…
O pedaço que um dia me roubas-te ninguém te tirará…
sábado, janeiro 14, 2006
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Carta que nunca leste
Poderia começar esta carta de um modo normal, mas as circunstâncias em que me encontro não me permitem começar por aquela típica abordagem que raspa em sentimentos chegando ao abismo de se tornar banalidade.
Não te quero falar de coisas fugazes, de nevoeiros matinais que escondem dias soalheiros, não te quero contar novidades que não te importam, quero apenas falar-te de modo sereno, como se tivesse acabado de me aninhar em ti para ficar a contemplar o teu sorriso.
Confesso que tive medo de me perder contigo, era um mundo tão fantasioso que até mesmo eu que gosto de andar pendurada em fios de estrelas, e varinhas de condão, tive medo de abrir as asas. Mas tu mostraste que não havia nada a perder, e que mesmo quando se está preso a uma vida, existem coisas que tem dons de nos soltar, nem que seja por momentos, e é ai que somos livres.
Éramos nós, na mais pura das essências, no estado mais natural, e pensava eu recordar todas as sensações conquistadas até ai, mas parece que a abstracção ou a intromissão foi tal que hoje não te recordo em lado algum.
Não existem muros, nem palavras, nem ninguém, só aquilo que nos brilha cá dentro, como se durante umas piscadelas do relógio, se abrisse no mundo uma porta onde nos podemos esconder de tudo, para nascer numa nova vida.
Entrei numa história que julguei não saber como era, e hoje digo-te que continuo sem saber como cheguei perto de ti, sem deixar rasto, sem soltar uma única palavra ao vento.
Era o segredo, o nosso segredo, e ainda hoje quando passeio pela cidade sinto que de alguma forma ainda estás comigo, na brisa que se aninha nos meus cabelos, na luz que me atinge com toda a força, ou até mesmo no nada com que vivo constantemente.
São assim fortes, intensos e permanentes os momentos que vivi, agarrada a sensações que depois vi fugir, sem deixarem recado. Fizeste de mim lua, estrela, e mesmo sol em plena meia da noite, pois foi dona do céu que perdi, fui mulher, fui tudo quando não havia nada se não incertezas.
Mas tal como a noite não é eterna, sei que até os meus pensamentos tem prioridades que os impedem de continuar, pé ante pé, nessa linha imaginária a que chamaram infinito, onde me fui perder na tua imaginação.
Não te preocupes se os meus pensamentos te parecem confusos, pois sabes bem que consigo viver no meio do caus, do ser e não ser, do eu e tu…desculpa não era isto que queria dizer-te hoje e aqui, não existe nada para além de nós, só um infinito para desbravar, mas intacto.
Hoje não quero que te lembres de mim como momento, como passado que recordas por dar jeito para a ocasião, como pedaço de tempo onde te perdes, quero somente que me incluas no passado, no presente e no futuro, e acredita que nada mais simples consigo pedir-te.
Quero que tu em mim, sejas o passado de algo que já foi, o presente que está sempre comigo, e o futuro que estará sempre lá, pois não existem pessoas que passaram na nossa vida, existem aqueles que fizeram de nós seres humanos, e os que se limitaram a assistir.
Aqueles que existiram mesmo durante uma volta curta do relógio, mas que deixaram algo capaz de fazer brilhar os olhos, a força que pode fazer qualquer um mudar o mundo. Pois é, nem toda a energia e felicidade que canalizei serve para alterar destinos, mas tu já fizeste o suficiente para mudar o meu, e é com essa mudança que sigo em frente pensando que o mundo está em constante movimento, e não é por termos saltado para fora dele em momentos de loucura que ele vai parar de girar.
Escrevo-te hoje, não em sinal de despedida, porque só sai das nossas vidas quem nós queremos que não permaneça por lá, mas em sinal de agradecimento pela presença sempre presente, nos momentos de todos os dias e pela luz que me dás com esse sorriso mesmo não estando.
De coração hoje e sempre,
Joana
terça-feira, janeiro 10, 2006
Despedidas ( o recordar)
Odeio despedidas, são coisas impessoais, um modo falso e alegre de deixar partir sem dor quem se gosta. Ninguém considera a partida do que não se perde nos seus pensamentos. Sem laços não existem despedidas.
As palavras saem cruas, apertamo-las nas mãos até as pontas dos dedos ficarem brancas, e o resto da mão adquirir uma tonalidade rosa, para não as deixarmos envolver quem parte,
(Não sou egoísta. Não sou egoísta. Não sou egoísta.)
Não queremos provocar dor naqueles que nos podem levar, na algibeira, na mala, ou mesmo no pensamento, ou em outros lugares mais profundos onde ninguém nos pode arrancar.
Senti-te a fugir, como se fechasses sem eu notar a porta aos poucos, agora só te consigo distinguir as formas na penumbra, não nos queremos comprometer com palavras, não queremos que seja assim.
(Leva-me contigo. Leva-me contigo. Leva-me contigo.)
Sei que não queres nada disto, é impessoal, tem de ser impessoal, não podemos deixar dor, não queremos deixar nada a doer, nada vazio, nada com vontade de ficar. Sei que não és assim, mas tem de ser. Apertas as palavras na mão como se tivesses as mãos a sufocar-te a garganta. Vou fazer o mesmo., por mim, por ti.
(Porque partes? Porque partes? Porque partes?)
Não sabes já qual das mãos me hás-de dar, sentes que preciso de amparo, mas tens as mãos ocupadas a segurarem-te a as palavras que não queres que saiam, tens as mãos a sufocarem-te o grito.
Não quero despedir-me de ti, não vais fugir, não vais morrer, não vais mudar de universo, vais de viagem. Comboio, avião. Muito diferente.
(Voltas? Voltas? Voltas?)
O relógio perde-se nas despedidas, prende-se com a tua partida, como se o sol trocasse o passo ao som de uma valsa, não sei quando voltas.
(Será que voltas? Será que voltas? Será que voltas?)
Espero. Desespero. Talvez.
Mas não me preocupo, a minha asa vai contigo, acabou de se esconder dentro da tua mala enquanto atento, os teus olhos seguiam toda esta reprodução de letras que se cospem uma a uma de forma a haver melodia. Harmonia. Poderás sempre voar se necessário, poderás sempre perder-te, poderás encontrar-te nesta viagem tão tua, só tua.
As palavras saem cruas, apertamo-las nas mãos até as pontas dos dedos ficarem brancas, e o resto da mão adquirir uma tonalidade rosa, para não as deixarmos envolver quem parte,
(Não sou egoísta. Não sou egoísta. Não sou egoísta.)
Não queremos provocar dor naqueles que nos podem levar, na algibeira, na mala, ou mesmo no pensamento, ou em outros lugares mais profundos onde ninguém nos pode arrancar.
Senti-te a fugir, como se fechasses sem eu notar a porta aos poucos, agora só te consigo distinguir as formas na penumbra, não nos queremos comprometer com palavras, não queremos que seja assim.
(Leva-me contigo. Leva-me contigo. Leva-me contigo.)
Sei que não queres nada disto, é impessoal, tem de ser impessoal, não podemos deixar dor, não queremos deixar nada a doer, nada vazio, nada com vontade de ficar. Sei que não és assim, mas tem de ser. Apertas as palavras na mão como se tivesses as mãos a sufocar-te a garganta. Vou fazer o mesmo., por mim, por ti.
(Porque partes? Porque partes? Porque partes?)
Não sabes já qual das mãos me hás-de dar, sentes que preciso de amparo, mas tens as mãos ocupadas a segurarem-te a as palavras que não queres que saiam, tens as mãos a sufocarem-te o grito.
Não quero despedir-me de ti, não vais fugir, não vais morrer, não vais mudar de universo, vais de viagem. Comboio, avião. Muito diferente.
(Voltas? Voltas? Voltas?)
O relógio perde-se nas despedidas, prende-se com a tua partida, como se o sol trocasse o passo ao som de uma valsa, não sei quando voltas.
(Será que voltas? Será que voltas? Será que voltas?)
Espero. Desespero. Talvez.
Mas não me preocupo, a minha asa vai contigo, acabou de se esconder dentro da tua mala enquanto atento, os teus olhos seguiam toda esta reprodução de letras que se cospem uma a uma de forma a haver melodia. Harmonia. Poderás sempre voar se necessário, poderás sempre perder-te, poderás encontrar-te nesta viagem tão tua, só tua.
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