Não compreendo porque as palavras em nós se amarram num silêncio perturbador, tento faze-las sair mas não consigo.
O que sinto intimida-me por não ser correcto, por ter criado uma ideia dentro de mim que estou errada, que não podemos ser.
Vivemos lado a lado com um muro transparente entre nós, fazemos tudo o que os sentimentos mandam, só não nos ouvimos nas palavras mágicas, só não nos inebriamos no aroma do toque.
Não conheço a natureza desta barreira, porque apareceu aqui, porque nos escolheu, ou porque decorou ela os nossos nomes, e nos encheu a cabeça de medos, e fantasmas de futuros que nunca chegarão.
Medo que me faz pensar que te gosto no mesmo instante em que não passas de um qualquer, de um outro mais, um nome perdido no meio de livros e cadernos que teimo em encher.
Vivemos num constante campeonato, tentando provar um ao outro que conseguimos mais, que vivemos muito mais um sem o outro. Passamos o pano frio pelos olhos, é tão bom poder ver só aquilo que queremos, e é assim que nos vamos habituando à ausência de nós mesmos.
Fazemo-nos sentir em confusão permanente, ondas do mar que vão e vem, e trazem sempre a mesma maré, as mesmas águas, os mesmos gostos, o mesmo gostar.
Nunca nos perderemos nos sentidos, não sei se por respeito, se por timidez de não sermos os ideais imaginados um do outro. Andaremos uma vida em buscas de aventuras e desafios, de ideias, de metades, de espelhos, e dos complementos, mas saberemos sempre, que existe o outro lado do muro, onde os sentimentos não falam e não se tocam corpos, onde somos desconhecidos, por nos conhecermos tão bem.
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