domingo, junho 25, 2006

Carta que nem coragem teria para escrever

Resolvi pegar numa coragem que nunca terei e dizer-te as coisas que nunca terias coragem para ouvir, porque não me levarias a sério ou porque eu te diria a meio que estavas a cair na minha brincadeira. Por todos os motivos e mais alguns sempre foi dificil dizer-te o quanto és especial para mim, sem te comprometer, a ti e a mim, num novelo esquisito com nó.
Assim, nunca saberás a quantidade de sorrisos que me colocas no rosto, a quantidade de vezes que faço planos contigo em pensamento, e a quantidade de vezes que me ri-o por ser tola ao faze-los, mas imagino que muitas destas coisas já te tenham passado pela cabeça quando a tua auto-estima sobe cadeiras, e se manda delas abaixo, com a ideia de que estás a pensar alto.
O que é necessario compreender, é que nem um nem outro fala do que lhe vai na cabeça sobre o outro, é o tabu da relação, e talvez seja por isso que seja misteriosa, cheia de pisos em risco, e passos corridos para a antiga posição.
Se algum dia isso acontecer...bem, nem sei... mas espero ouvir um pouco de coisas que também penso, só para não me sentir abandonada. Tu nunca me abandonaste, duas ou tres vezes não são consideradas abandono, por muito que a minha carencia que se entranha nos poros te pedisse por vezes um pouco de mais, como se eu fosse uma criança egoísta, e tu a minha manta para adormecer.
Desde que nos conhecemos que me dá vontade de deixar a música tocar, descalsar os sapatos e fazer da minha vida uma pista de dança até encontrar a tua, deixando a noite vir de mansinho sem que tenhamos muito que pensar, sem planos, sem acelerar, no ritmo certo.
Lembro os dias, as noites, as horas, os segundos, os risos, os choros, e tudo aquilo que já passamos de bom e de mau, como nos construimos como pessoas em versoes paralelas de pessoas que se gostam.
Podes não ter percebido mas sempre tiveste a minha paixão silenciosa, e não penses que é menos sentida ou importante por não ser falada, porque não é das palavras que construo o sentimento mas dos momentos que passamos juntos.
So quero que vejas e compreendas, o que sinto, o que me deste ao longo de todo este tempo é realmente grandioso pela forma discreta como chega até mim, pela forma como me contraria a natureza tão impulsiva de ser.
Preciso de saber se vai ser sempre assim, a boa disposição, os sorrisos, a paixão para sempre, por muito complicado que seja acreditares naquilo que sinto, não te esqueças que sempre acreditamos um no outro, e naquilo que fechei os olhos para não ver. Mas sei que nunca vou saber, e ainda bem.
Acho que não te podia gostar de maneira melhor, gosto de ti exactamente como és, e tudo aquilo que me dás tem sabor especial independentemente daquilo que navega dentro de ti.
Porque não quero mais do que aquilo que me dás, porque pode até parecer palhaçada estas palavras, mas acredita que tem toda a seriedade que lhe consegui imprimir, so sentimentos mais profundos saem sempre em jeito de tolisse para não ficarmos demasiado orgulhosos daquilo que somos realmente para quem gosta de nós.
E eu gosto de ti exactamente como tu és*


=D

3 comentários:

Anónimo disse...

komo é possivel alguém descrever d forma tão precisa algo k pensamos ser us únikos a sentir???

Parabéns...

|___XyZ___| disse...

um muito bom texto...

Existe coragem para escrever mais?

Abraço,

C. disse...

há uns tempos, reencontrei a minha primeira paixão. reatámos a nossa amizade. (re)habituei-me a sua presença. ha duas semanas, ele teve um acidente de carro e faleceu. ha uma outra pessoa, desta feita o meu primeiro amor, a quem escrevi uma carta deste género, carta essa k ele nc leu, amor esse k ele nc soube existir. a morte do meu amigo fez-m entender que ha certas coisas que nao se deixam por dizer. pode ate nao adiantar de nada a pessoa a quem as dizemos, mas as palavras e os sentimentos nao sao para se engarrafar. e logo esta que escreveste, uma carta tão linda... ha coisa q s devem simplesmente dizer. :)