quinta-feira, outubro 29, 2009

Eu sei.


E entre um dia e outro,
abanamos os braços a pedir ajudar,
pedimos respostas contra paredes brancas.
Fechamos os olhos e deixamo-nos levar,
pelos caminhos que nos levam a lado nenhum.
O amor não é um lugar,
uma tábua de salvação no meio do oceano,
o calor, o conforto e a maternidade.
O amor nunca foi nada disso.
Todos os dias, uma vibração,
um arrepio que se desconhece,
uma sensação de desconfiança ou até um deja-vu.
Não, o amor também não é isso.
Beijos, abraços, corpos nus desmanchados,
centenas de palavras alinhadas em verso,
o doce, o sorriso e a felicidade.
No amor não cabe nada,
o vazio, o não pensamento, a não mente.
O Amor é isto tudo, e não é nada.

domingo, outubro 25, 2009

Sentimento colossal


Sustenho a respiração por instantes tentando controlar o impaciente bater do coração. De nada me vale agir de modo descontraido quando tudo à minha volta parece desabar. És tu. A tua presença discreta contrai-me todos os musculos do rosto num sorriso que mais ninguém consegue despir. Ainda assim faço-me de forte num momento em que muitas vezes não tive de fazer de nada. Com outras pessoas, sem sentimentos. Contigo as coisas descontrolam-se porque nao consigo deixar de ser eu, não consigo correr e vestir as máscaras, contigo as coisas acontecem no arrepio do toque na pele. És tu. Sempre foste só tu.
Depois de tantos anos a existirmos lado a lado, a música que bate nos nossos corações continua a ser a mesma melodia, os mesmos acordes, o mesmo ritmo. Se nos colocassem no meio de cinco milhões de pessoas a ouvir a mesma música, estariamos em lugares diferentes a agitar as mãos e os pés da mesma forma e chamariam-nos loucos. Nós rimo-nos.
Chama-se sentir àquilo que passa cá dentro e nos invade de uma força estranha. Chamam-lhe sentimento colossal e dizem que é impossivel na vida real, e por nos ter sido sempre impossivel é cada vez mais uma realidade nas nossas vidas. E ele existe, dentro de nós, como uma pequena chama que umas vezes cessa e outras tantas arde sem nada para queimar. E é esta a vida que nos oferecem, o conhecimento do sentimento maior, na impossibilidade de criar uma história real, de amor, daquelas dos livros das crianças.






[A sombra deste sentimento ainda faz frio e cócegas no coração.]

quinta-feira, outubro 08, 2009

Estática.


As palavras foram trocadas,

os gestos perderam o sentido,

na declinar de mais um dia,

os olhos não contam histórias

nem as mãos jamais unirão vidas.

Perdeu-se a leveza de sentir,

o tacto de cada gesto,

desapareceu a vontade de viver,

todas as farsas que nos façam festas.