segunda-feira, novembro 17, 2008

Amanhã, como hoje.


Observo-nos em outro momento,
que não este.
As mãos juntas e cansadas pelos dias.
A pele que deixou de estar engomada,
como hoje.
E as lentes dos oculos mais grossas.
Algo se mantem: continuas a não conseguir
ler as placas quando andas na estrada.
Continuamos juntos com a mesma intensidade
de hoje.
A minha cabeça cai sobre o teu ombro,
estamos pesados pelo tempo e
as conversas não são sobre futuro,
como hoje.
Vemos nos livros empoeirados
as fotografias de uma vida toda,
os sorrisos e a juventude,
os lugares e as histórias,
de hoje.
Reconhecemos nessas memórias que mudamos,
mesmo assim ainda vejo nos teus olhos
a luz de outros dias.
Ainda se sente o abraço apertado entre nós,
como o de hoje.
A certeza permanece intacta até ao final.
Como hoje e ontem, a tua rabugice
é a forma mais bonita de te contemplar.

terça-feira, novembro 04, 2008

Agora.

Abri a gaveta dos sorrisos
e olhei bem lá para o fundo.
Antes de poder reagir ao que vi
agarrei naquele que pensei não utilizar mais.
Limpei-lhe o pó e ajeitei-lhe os contornos
para que também isso fosse perfeito.
Fechei os olhos e ao ouvir o convite para
mais uma dança deixei-me levar.
Agora sorrio enquanto a voz me chama,
sorrio como se fosse este o momento,
o momento de todos os "para sempre".
Deixo-me levar devagarinho no caminhar,
deixo que os passos se elevem,
mesmo sem saber onde vou chegar.
Escondo o medo debaixo dos contornos imaginários
do bater do coração.
Agora é tempo de acreditar,
que o momento é o acaso,
que as coisas acontecem na velocidade certa,
que os olhares não se cruzam sem motivo.
Aqui estamos, agora,
no momento certo.
Porque é sempre possivel,
fechar os olhos, sonhar, e sorrir no ritmo do coração.