segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Vazio

Vazio porque não sobrou mais nada….Sinto-me como se um vestido de festa, que é tratado com cuidado, que faz sucesso, que brilha e ilumina um corpo, feito de materiais caros que simulam ilusões naqueles que o invejam, são os brilhos, as pedras, e toda a fantasia, que naquela noite vai dormir no chão para depois ser arrumado a um canto, porque já passou o seu momento de glória.
Fui usada, fui humilhada, tratada que nem um objecto….Odeio tudo e todos, pelos sentimentos que me obrigam a nutrir, fizeram me sentir especial tiraram proveito e agora que a festa acabou, ficaram as marcas de baton, os discos partidos, e os brilhos no chão.
Ninguém tem o direito de possuir uma alma, sem saber o que se passa no coração, não vale a pena procurarem o botão agora, ele não existe não da para desligar, toda gente sabe que não….isto é uma doença, sinto nojo de um corpo que até me pertence, um corpo que atrai e que repele aqueles que passam por perto, onde a beleza se esconde por timidez num sorriso sem brilho. Não passo de um corpo que exalta movimentos nobres que chamam a atenção de alguns, só represento isto para vocês, como se fosse uma almofada onde encostam a cabeça e desabafam, e onde descarregam a raiva quando o mundo inteiro vos virou as costas por não valerem nada ou por não saberem dar valor.
Não sou mulher objecto, não sou boneca de trapos que se pega e larga por não dar jeito agora, não sou efemeridade de espécie alguma, sou eu corrente permanente, um padrão estável e único de características e comportamentos próprios de um indivíduo.
Estou cheia de me sentir vazia, no fundo do poço, cheia de estar no meio de tanta gente e mesmo assim continuar sozinha.
Que morra junto com o ódio que sinto, a vossa vontade de estar comigo, só porque até sabe bem, ou porque não há mais ninguém a quem a recorrer, porque eu continuo aqui sempre disposta a cair no mesmo erro….


As almas são incomunicáveis.Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.Porque os corpos se entendem, mas as almas não...
(Manuel Bandeira)

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