segunda-feira, fevereiro 13, 2006

A canção tocou na hora errada

A canção tocou na hora errada, a canção que tentei fazer para ti, para não esqueceres que há tempo de sobra para acabares com a solidão. A canção em que me tentei pintar, para que me sentisses o aroma, o sabor, para que me tocasses num acto de loucura e entrega, como só a musica te consegue prender.
Já não sei de que forma foste embora, mas ainda não me cansei de te esperar, da mesma forma que sei que ainda me esperas. Não entendo como esta melodia se pode tornar uma musica de crianças, onde criamos esperanças de voltar para um lugar de onde nunca conseguimos partir, esperamos o que então?
Maior parte das vezes acho que sei tudo, mas quando o assunto és tu, largo as certezas ao vento, já não sei nada, quem sabe assim, a história muda de figura e voltamos ao que nunca deixamos de ser.
Durante tantas noites adormeci a pensar que no dia seguinte iria aninhar-me em ti e contar-te todas as aventuras por que passei, dizer-te que me fazes falta mesmo estando sempre comigo, e tu ias me receber de braços abertos e encher-me de beijos, ia ser de novo a tua menina, mas nada mudou nos dias seguintes, nos anos seguintes.
Por isso tentei fazer-te uma canção, numa tentativa frustrada de te ter novamente na mão, mas o tempo levou tudo e fiquei sozinha com a minha canção. É por isso que continuo a aperfeiçoar a melodia, os acordes, e as palavras que sei que guardarás no coração, onde eu já estive, onde fui a tua musica, até me perder no meio de nada, até te perder onde não havia nada.
Tantos caminhos sem fim e por onde não voltas, numa encruzilhada onde fomos deixados pela vida com uma ideia somente na cabeça: regressar.
Não posso colocar-te palavras na boca, nem no coração, mas quase juraria que existe ainda qualquer coisa, sinto-o no teu olhar, sinto-o quando te encontro, sinto-o até em todas as memorias que evocamos, sinto porque foste tu quem me fez tocar no céu. Num sentimento tão puro, tão real, tão cheio de tudo, o lugar mais alto do universo onde cheguei, de onde caímos, mas onde estivemos juntos. Será que eras capaz de chegar lá de novo?
Entrego-te as palavras, agora junta-as à melodia do que vivemos, sei que das tuas mãos saíram os acordes, e aqui tens a canção que um dia fiz para ti, para descrever aquilo que já sabes, aquilo que sentes, como eu gosto de ti…
O pedaço que um dia me roubas-te ninguém te tirará…

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