quinta-feira, janeiro 18, 2007

Culpa e Inspiração- hoje não


Culpa e Inspiração. Vaguear na culpa. Parar, Matar, Extinguir a inspiração. fechar a porta com oito chaves. Era isso que eu queria dizer. O sete não é perfeito no nosso tempo, seja ele o tempo que for. Ontem, Hoje, Amanhã. Não importa Mais. Não importa Menos. Simplesmente não importa. Dislexia cerebral. Desconectar com o mundo sem tempo. S-E-M-TEM-P-O. Agora. O momento é o já. A culpa do passado que se viveu. A culpa do futuro do passado que se viveu. Inspiração presente, parada, morta e extinta. A porta está fechada com oito chaves. Não sei o número da porta, era isso que eu queria dizer. As chaves estão em cima da mesa, afinal a inspiração está, esteve, estará morta, presa na porta. Eu não sei o número da porta. Não sei onde estará a porta. (o que é uma porta? faz-me um desenho, com carinho, faz-me um desenho e explica-me porque isso de que falo é uma porta) Culpa e Inspiração. Somente culpa. Nada de Inspiração. A culpa desliza pela porta abaixo, enquanto a inspiração espreita sem olhos. Os olhos estão no lugar onde escrevi o número da porta. Dislexia cerebral. Esquecimento. Conectar com o mundo. Fim. Agora, Hoje, Amanhã. Nunca Ontem. Fim.


(escrito na bolha. )
(Incoerentemente Incoerente)

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Starálfur

A melodia eleva-se para outros lugares onde a alma se estende, por campos verdes e montanhas frias em que o meu pensamento permanece enrolado nas descrições de acordes, violinos que choram e sintetizam em mim uma pureza de sentimentos, imagino como seriam os sentimentos que brotaram dos outros ainda virgens destas composições.
Levamos a vida às costas num vácuo avassalador, mantemo-la intacta de perturbadores da razão, vivemos tão dispersos das coisas que nos esquecemos de catalogar aquilo que nos significa algo, trancamos nas masmorras de nós mesmos os gritos abafados que nos doem de pensar.
A melodia mostra-me um céu limpo, metáfora do meu espírito inquieto, leve por ter hoje aberto uma porta de onde vejo o verdadeiro brilhar azul do céu, azul, amarelo, roxo, negro, branco, o céu.
O binómio da porta aberta, porta fechada, quantas portas não bailamos nós pela festa da nossa existência, tantas que deixamos de contar os erros, qual é o verdadeiro significado de fechar uma porta? Qual seria o significado deste artigo comum sem o verbo?

A dualidade de abrir a porta de nós mesmos ao mundo, a dualidade de fecharmos e não sermos ninguém. Paradoxo. Porque nunca somos somente um, porque não existimos sozinhos, porque somos cara e coroa da vida.
A melodia abriu as portas do que somos, talvez pela primeira vez tenhamos ouvido o murmúrio ansioso e anónimo que permaneceu tempo demais debaixo do pó.
Temos duas faces, a que vemos no espelho e a que só conhecemos quando a porta se abre, quando o coração se sente apertado pelo ritmo das coisas que nos entram pelo ouvido; passamos demasiado tempo sem conhecer o paradeiro da chave, e do nada ela abriu-nos a porta.
Não vimos as estrelas que caíram diante de nós, não abrimos a porta para as receber, e elas foram cuspidas pelo céu negro que nos aflige lá fora, estávamos preocupados em acertar os passos com os dias amarelentos e tudo passou assim, devagarinho.
Tenho uma porta aberta para acompanhar a descida vagarosa e agora melódica da estrela que borra o meu céu de brilhos ouro e prata. Não existem receios hoje, abri o livro on
de desenharam mãos unidas, lábios colados, sorrisos rasgados que trago na memórias mesmo sabendo que para falar destas coisas não é preciso esperar, acontece tudo do nada.
Hoje dei um significado diferente às lágrimas que me borraram a partitura coçada pelos sofrimentos, limpei a alma amarfanhada porque hoje compreendi o porquê das coisas.
Todos temos um significado, existe qualquer coisa depois de tudo para justificar todas as existências, nenhum nó se desata sem uma mão ou um pedaço de vento.
A estrela que viste cair ontem ao som da música sem idioma, porque ninguém fala a língua da psique, não caiu por acaso. Caiu para tu a contemplares numa iniquidade doce, a lágrima era apenas a alegria da descoberta. Tal como a minha. Hoje e sempre.



(cuspido ao ritmo de Stáralfur de Sigur Rós)

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Apartir do sempre

Eram pessoas normais. Viviam nem mundo normal. Faziam coisas normais. Mas não eram normais.
Tinham duas pernas, dois braços, uma boca, uma cabeça, possuiam coisas normais de pessoas normais. Mas não eram normais.
Falavam de coisas normais. De livros, de músicas, de árvores, de instrumentos musicais, do tempo, do mundo, das aulas, e até de pessoas normais. Mas não eram normais.
Falavam ao telemóvel, mandavam mensagens, escreviam e-mails, escriam em papeis, falavam baixinho para ninguém ouvir, falavam um com um outro, e falavam com pessoas normais. Mas não eram normais.
Houve um dia, não sei se cedo ou se tarde, mas houve um dia normal, em que começaram a ser pessoas normais. Continuaram a fazer as coisas normais, só que desta vez eles eram pessoas normais.
As pessoas normais não se entendem, não se comunicam, falam-se apenas, mas não se entendem como as pessoas não normais.
Deixaram de viver no mundo das pessoas normais para entrarem numa espécie de Babel, eles não se entendem fora do mundo das pessoas normais.
Já não ouvem as músicas das pessoas normais, e pior, não sentem nada que não seja normal nas músicas das pessoas não normais.
Eles não se entendem, não comunicam, são pessoas normais em Babel. Não no mundo das pessoas normais, mas no lugar onde não se entendem.
Quando forem mais velhos, aqueles que passaram a ser pessoas normais, passarão um pelo outro e não se conhecerão. Eles sabem quem são, mas não sabem falar. No futuro serão somente pessoas normais.




O futuro chega sempre mais cedo quando não queremos que passe.
Tornamo-nos pessoas normais.



"So when weakness turns my ego up
I know you'll count on the me from yesterday.
If I turn into another
dig me up from under what is covering
the better part of me.
Sing this song
remind me that we'll always have each other
When everything else is gone."

Incubus, Dig

domingo, janeiro 14, 2007

Os grandes portugueses -será motivo para rir ou para chorar?

Abriu janelas onde nem sequer paredes havia.Canções que diziam qualquer coisa. Estava pronto para morrer pela liberdade.É pouco face ao muito que há para fazer. O mapa do amor.Uma ciência muito interessante, mas uma ciência muito parada.Quando morrer a Literatura, ele sobreviverá.Fico triste quando saberei quando não terei tempo para tudo saber.Valeu a pena ter lutado, valeu a pena ter sofrido. Enorme capacidade de por em palavras capacidades eternas. O génio da raça e o génio da desgraça.