terça-feira, dezembro 29, 2009

Ninguém é errado na sua vida.

Já pensou na quantidade de pessoas diferentes com quem se relacionou? Estou a falar de relacionamentos que envolvem intimidade, que envolvem dar mais de si, mostrar aquilo que nem todos conhecem. Podemos até ter estado com apenas 2 pessoas na vida ou até com 153 e meio, mas todas elas são pessoas certas. Sim, agora que está a pensar no namorado da 4ª classe que tinha o nariz virado ao contrário, até esse foi certo na sua vida.
Já pensou em tudo aquilo que aprendeu com todas as pessoas que se cruzaram consigo? Por vezes nem precisamos de as conhecer bem para sabermos que estamos no presente, no meio daquela conversa que surgiu do nada a aprender uma grande lição. E por isso digo, todas as pessoas são certas na nossa vida. De certeza que houve pessoas que o/a fizeram sofrer todas as dores do mundo, pessoas que o/a fizeram sentir ridiculo, pequenino, que o menosprezaram, e pessoas que o amaram mais do que ninguém e nunca soube bem como retribuir esse amor. Há imensas histórias que viveu, que parecem não fazer sentido nem passado algum tempo, mas se virmos bem, aquela pessoa tinha uma função especial na sua vida.
Eu só posso falar de mim e das histórias que me rodeiam, mas tenho a certeza que ninguém foi erro na minha vida. Vivi o meu primeiro amor como se fosse a maior história do mundo, arrastei-a anos e mais anos, a ponto de passar a vida a acreditar numa coisa que já não tinha nada para ser como eu a tinha vivido há anos atrás. O certo é que quase 6 anos depois resolvi viver o grande amor de novo e ai comprovei que nada passa imune pelo tempo, muito menos uma vida. Depois vieram outras pessoas que me fizeram criar padrões do que era importante para mim em alguém para se ter ao lado, marcas de personalidade, gostos, pequenos gestos. O certo é que cada um há sua maneira me mostrou o seu mundo e acabou por alterar e amplificar a visão que tinha do meu. E hoje posso dizer que me conheço melhor, que sei prever as minhas reacções, que sei olhar para alguém e sentir se vale a pena arriscar.
Também veio á minha vida o principe encantado, que depois do primeiro amor parecia a maior tábua de salvação do mundo. Era tudo aquilo que eu podia ter imaginado: PERFEITO! ou não.... aprendi mais do que em 12 anos de vida em termos de humanidade. Os sonhos são sonhos, a realidade é diferente, mas não impossivel. Esta pessoa não me fez deixar de acreditar, colocou foi os meus pés no chão, e só tenho a agradecer por isso. Imaginem o que é brincar com Barbies toda a infancia e acreditar que aquelas roupas e aquele corpo eram relamente perfeitos: agora cresce é obesa e não tem roupa de Barbie. Foi este o meu sentimento nesta relação: gritava por socorro para ser eu acima de tudo e por poder ser real.
Confesso que gostaria de não ter passado por muita coisa, já vivi o suficiente para uma verdadeira novela mexicana, mas a verdade é que tudo me fez bem, mesmo as lágrimas, mesmo as confusões, as traições e outras coisas que tais. São as chamadas bençãos encobertas, parece que o mundo acaba (parece não, termina mesmo, a porta fecha e eu nasço de novo) que nada vale a pena, mas dali nasce um sentimento de continuidade mutação que é indispensável para seguir em frente. Pense com atenção em todas as pessoas que teve na vida e o/a fizeram passar por sentimentos mais complexos, tem a certeza que não aprendeu nada? É que se acha que não é porque ainda não teve oportunidade de compreender o que a vida lhe mostrou através de outra pessoa. Agora é certo, experiencias passadas a serem repetidas, são dores a dobrar, aquilo que se perde quando volta tem de ser novo, nada de sentimentos restaurados ou baseados em coisas que já aconteceram. Se aquilo que existe dentro de nós não sofrer mutações vai buscar magoas e sentimentos antigos mal esclarecidos ao primeiro esbarrar com a realidade. Mas não deixa de ser um acto de coragem, e se vivemos é para arriscar, eu não aprendi à primeira oportunidade mas fiquei bastante esclarecida à segunda.
Sou uma pessoa resolvida, com o sotão bem arrumado, uma pessoa com consciencia de si mesma e com a perfeita noção dos porquês do passado.
E sou uma pessoa bastante feliz. (agora só falta a pessoa realmente certa, real e genuina....talvez por ai...)

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Barulho da Solidão

Quase um sentimento.Nunca quis mostrar completamente o invisivel, somos mais do que um corpo, um pensamento, um gesto.
Na centena de toques colocados na mão do artista avistamos a obra pronta que nada nos significa- mas sentimos. Também o amor fruto de grandes artistas sádicos de uma sensibilidade exacerbada, é uma forma elementar de arte. E no amor despimo-nos completamente e sem vergonha a modo de sermos admirados pelo fascinio de um olhar. Aquilo que vemos é a verdade, o qu ouvimos dizer são apenas histórias, o que vivemos é o real e ninguém o vai sentir da mesma maneira.
Toda a arte tem um preço efémero cobrado pelo coração dos que sentem. O preço dos momentos expresso em sentimentos. Um preço dado a paixões que vem e vão sem parar, sem explicação aparente. Mas nada acontece por acaso.
A obra de arte tem o preço de um sorriso. O elemento básico da felicidade tem o preço impagavel de um momento inesquecível. Um momento para recordar no BARULHO DA SOLIDÃO, um momento que só a memória trará de volta, que num sem fim de manifestações nunca será igual. O amor nem quando é o mesmo será igual. Todos os dias os sentimentos são renovados, tal como os olhares sobre a obra eterna. A arte permanece, mesmo mudando o traço do artista. Será sempre uma forma de felicidade sem preço e nunca seremos culpados de gozarmos dela.
Mas o sorriso é um esboço sem nexo que alguém produz para nós num primeiro impulso, num acto irreflectido que foge de lá de dentro. Tão nosso que num pequeno instante somos inspiração para uma obra digna de museu. Há coisas tão particulares e tão sinceras , que certos momentos deviam ser emoldurados em museus- o Museu dos Sorrisos. Tal como há sentimentos que deviam ter nomes só nossos, mas houve alguém que inventou a palavra para os definir primeiro que nós. Ainda assim um sorriso será sempre uma forma de nudez da alma, e as palavras, essas, serão sempre palavras na boca de tanta gente. Antes da palavra, um sorriso será sempre um sorriso. Para as palavras existirão sempre os livros e as bibliotecas. Para os sorrisos como esse, existe agora o Museu dos Sorrisos. Porque há coisas que têm de ser guardadas em lugares especiais.

Inauguro assim o Museu dos Sorrisos.




(Independentemente do que a vida quiser, já te guardei na minha galeria de sorrisos malandros)

quinta-feira, novembro 26, 2009

Lembrar para doer



Esqueço.

Eu.

que aquilo que brilha lá fora é o Natal.

Esqueço.

Eu.

que aqueles que dormem na rua são na verdade os livres.

Esqueço.

Eu

que as coisas que acontecem cá dentro não são mais que irreflexões dos sentidos.

Esqueço.

Eu.

que o barulho que se ouve na rua são na verdade passos ausentes.

Esqueço.

Eu.

que as caras conhecidas serão um dia rostos perdidos.

Esqueço.

Eu.

que o calor que aquece o tempo será o frio que me despe o corpo.

Esqueço.

Eu.

que as palavras penduradas no vazio nunca chegarão a ser Poesia.

Esqueço.

Eu.

que as palavras são punhais apontadas ao meu peito.

Esqueço.

Eu.

aquilo que teimo em lembrar.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Chuva de Inverno

Continua a chover lá fora. Ainda não parou de chover hoje. Gostava que as coisas fossem diferentes. Não o tempo lá fora, que não é mais de uma extensão daquilo que sinto. Apetecia-me chorar desesperadamente, até secar tudo aquilo que existe cá dentro. De todas as dores que já fiz sentir, esta é a que me dói mais. Aquela que vejo doer mais.
Uma ferida sem corpo,
uma dor sem comprimento
e um espaço colossal entre as almas
um espaçamento entre duas pedras na calçada
um buraco suficientemente pequeno
e forçosamente grande para poder partir uma perna
e destruir uma pessoa inteira.
Nem por isso parou de chover. Da janela vejo lá fora as coisas molhadas, desfeitas e sem graça. Não dá vontade de sorrir é verdade. Ainda assim eu sei que faz parte do tudo. Depois dos erros, a reflexão e a limpeza. É por isso que choramos, não porque estamos tristes, nem magoados, nem mesmo porque sofremos, ou porque nos sentimos fracos, uns nadas. Choramos porque a alma precisa de ser limpa, de voltar a adquirir a nossa forma, de mostrar que nós não somos o ser amachucado e disforme em que nos tornaram, que somos mais. Mas custa sempre a tirar os vincos do linho, custa sempre imitar o traço das mãos do génio, custa sempre um dia de chuva sem parar. Mas ainda assim eu sei que um dia vai passar, que vai parar de doer, que as pessoas vão andar impecaveis de novo, com a alma nas costuras certas do corpo. Gostava de ver essas pessoas sem alinhavos já. Mas a vida ensina-me a ser paciente.
E chove. Até fazer sol.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Um chapéu para quem o quiser meter.

-Pela boca morre o peixe.
Tantas vezes me disseste que eu me afastava e voltava a encostar quando precisava, frizando sempre que um dia não ficaria lá ninguém para me amparar a queda. Tantas vezes me disseste que era uma criança mimada viciada em sonhos, que não pensava, que me deixava levar demasiado pelo coração. E eu que sempre olhava para ti como se fosses uma força maior, alguém que pensa imenso e nunca vacila. Alguém que a vida crua tinha feito forte demais para um mundo que nem sempre tem a consistência certa. Eu admirava-te por isso: por não te deixares levar, por saberes que os sonhos acontecem com porporções certas, por teres sempre a palavra certa para cada momento. Ainda te conseguia admirar por saberes dar as belas das chapadas sem mão como ninguém. Pelos olhares, pelas palavras, pelos gestos.
Um dia disseste-me que não podia partir e voltar quando quisesse. A presença sempre tão valiosa para ti. E eu ia-me deixando estar, partindo somente durante instantes para não estranhares a minha falta.
Sabes o que odiava mais no meio disto tudo? Quando afincavas o silêncio por orgulho e esperavas que eu desse o braço a torcer. Eu sempre foi uma marioneta na mão de quem gostava.Quando em certas alturas te tornavas escuridão para quando eu procurasse de novo a tua luz, tu me apontares o foco para os olhos.
Isto faz-me lembrar os miudos pequenos que nas suas mil e uma brincadeiras têm a mania de dizer "Eu disse primeiro". Tu és o meu "disse primeiro", porque a apressada pergunta, vagarosa resposta e eu sou tão tola que nunca tenho resposta certa para ti.
E tudo se fica por aqui.
Estou farta de não ter respostas ou de as ter curtas. Estou farta de não ser sentida porque há fartura. Estou farta de ser posta de parte porque pareço atrapalhar o que negas existir.
Não sei bem o que isto significa, mas tou farta de levar e nunca dar.


As palavras voam, a escrita fica.

domingo, novembro 15, 2009

Abismo


Só mais um passo.
Só mais um.
Que eu preciso cair de novo.
Destruir a alma inteira de uma só vez.
E com a enorme dimensão da dor,
Deixar que seja mais eu,
Aquela que teima em rir quando chora.
Só mais um passo.
Só mais um.
Que a paisagem em frente,
Só esconde mais o abismo.
Resta pensar que será por amor.
Os efeitos secundários da poesia.
Abandono os poderes do dedo que adivinha.
Que o mundo não pára de girar.
Quando cair de novo,
Procurarei em ti uma mão para me agarrar.
Vá,
Só mais um passo.
S ó m a i s u m
d o i s t r ê s q u a t r o c i n c o e t e r n i d a d e.

terça-feira, novembro 10, 2009

Eu pensei.

E eu pensei, que quando te agarrei
com as duas mãos com toda a força
contida no meu corpo,
te tinha arrancado de vez da minha vida.
Eu pensei que nunca mais me ia lembrar,
nem mesmo quando ouvisse alguem na rua
a tocar guitarra e a cantar musicas de outros tempos,
nem mesmo quando passasse nas ruas que me falam,
nos sitios que fizeram sentido. Eu juro que pensei.
Mas nada cala o vazio que ficou a vacilar-me a fraca
estrutura, nada me fala mais do que as palavras que
ficaram ainda embrionarias dentro de ti.
Até mesmo quando algo palpita cá dentro iluminado por
outro rosto, eu pensei que era de vez, mas aquilo que os
meus olhos vêm é diferente do sorriso que o
meu coração percepciona.
Ainda assim, eu pensei.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Continuidade.

Há minha volta acontecem coisas. Coisas que nem sempre consigo entender, palavras que custam a ouvir e outras que custam mesmo a dizer. Ainda assim, tudo o que acontece acrescenta uma rotação nova ao mundo das coisas. E todos os dias, depois de ver e ouvir histórias que nem sempre entendo, consigo esboçar um sorriso e pensar que foi só mais um dia que passou.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Eu sei.


E entre um dia e outro,
abanamos os braços a pedir ajudar,
pedimos respostas contra paredes brancas.
Fechamos os olhos e deixamo-nos levar,
pelos caminhos que nos levam a lado nenhum.
O amor não é um lugar,
uma tábua de salvação no meio do oceano,
o calor, o conforto e a maternidade.
O amor nunca foi nada disso.
Todos os dias, uma vibração,
um arrepio que se desconhece,
uma sensação de desconfiança ou até um deja-vu.
Não, o amor também não é isso.
Beijos, abraços, corpos nus desmanchados,
centenas de palavras alinhadas em verso,
o doce, o sorriso e a felicidade.
No amor não cabe nada,
o vazio, o não pensamento, a não mente.
O Amor é isto tudo, e não é nada.

domingo, outubro 25, 2009

Sentimento colossal


Sustenho a respiração por instantes tentando controlar o impaciente bater do coração. De nada me vale agir de modo descontraido quando tudo à minha volta parece desabar. És tu. A tua presença discreta contrai-me todos os musculos do rosto num sorriso que mais ninguém consegue despir. Ainda assim faço-me de forte num momento em que muitas vezes não tive de fazer de nada. Com outras pessoas, sem sentimentos. Contigo as coisas descontrolam-se porque nao consigo deixar de ser eu, não consigo correr e vestir as máscaras, contigo as coisas acontecem no arrepio do toque na pele. És tu. Sempre foste só tu.
Depois de tantos anos a existirmos lado a lado, a música que bate nos nossos corações continua a ser a mesma melodia, os mesmos acordes, o mesmo ritmo. Se nos colocassem no meio de cinco milhões de pessoas a ouvir a mesma música, estariamos em lugares diferentes a agitar as mãos e os pés da mesma forma e chamariam-nos loucos. Nós rimo-nos.
Chama-se sentir àquilo que passa cá dentro e nos invade de uma força estranha. Chamam-lhe sentimento colossal e dizem que é impossivel na vida real, e por nos ter sido sempre impossivel é cada vez mais uma realidade nas nossas vidas. E ele existe, dentro de nós, como uma pequena chama que umas vezes cessa e outras tantas arde sem nada para queimar. E é esta a vida que nos oferecem, o conhecimento do sentimento maior, na impossibilidade de criar uma história real, de amor, daquelas dos livros das crianças.






[A sombra deste sentimento ainda faz frio e cócegas no coração.]

quinta-feira, outubro 08, 2009

Estática.


As palavras foram trocadas,

os gestos perderam o sentido,

na declinar de mais um dia,

os olhos não contam histórias

nem as mãos jamais unirão vidas.

Perdeu-se a leveza de sentir,

o tacto de cada gesto,

desapareceu a vontade de viver,

todas as farsas que nos façam festas.


segunda-feira, setembro 28, 2009

(pensamentos dispersos)

A caminho longo e indecifravel, continua a estender-se a meus pés,
percorro na imensidão da estrada a lições que a vida me dá
e carrego a bagagem de todos os dias e das histórias para contar,
o amanhã terá um pouco do sabor de hoje e ainda dores de ontem
que deixei para trás.
Todos os dias, os pés tocam no chão e o primeiro pensamento serve para
acalmar a agitação de um coração que bate sem porquês.
Mais à frente sei que vou encontrar a resposta a todas as perguntas, sei que procurarei desvendar todas as dúvidas, mas sei que ficarei mais velho e confuso.
Quanto mais caminho, quanto mais reconheço o pisar deste caminho, mais vontade tenho de parar e sentar só para ficar a ouvir o dia.
Caminhe eu ou não, amanhã será sempre mais um hoje, esteja eu à frente ou atrás, mais contente ou mais triste. Amanhã será sempre um hoje e um ontem.
Haverá sempre um outro dia.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Vamos sim.

Vamos amar,
abraçados pelas copas das grandes árvores,
vamor rir,
até os braços abraçarem a barriga a doer,
vamos andar,
até os caminhos perderem o nosso rasto,
vamos sonhar,
sem medida,
vamos beijar,
até os olhos mudarem de cor,
vamos contemplar,
os corpos com o passar das estações,
vamos acender
os sorrisos em tempo de escuridão,
vamos sentir,
as coisas que se agitam cá dentro,
vamos ouvir,
o palpitar incessante do ritmo do amor,
vamos abrir,
os chapéus e esperar a chuva parar,
vamos adormecer,
com os dedos dos pés colados,
vamos tocar,
com a ponta da lingua no nariz,
vamos viajar,
deitados em cima da cama de barriga para o ar,
vamos falar,
e permanecer calados nas palavras de um olhar,
vamor acordar
e olhar para as escovas de dentes apaixonadas,
vamos sim...
e vamos juntos!







porque é o sentir...

segunda-feira, agosto 17, 2009

Transparente


Transparente. Feita
de ideias, sentimentos e partilhas.
feita de coisas oferecidas mesmo sem querer.
Transparente. Tão
translucida como o fundo de um mar,
no meio de um momento não calculado.
Transparente. A ponto
de pregar pregos na mão a quem não quiser ver.
A ponto de permitir distinguir todas as coisas
boas e más, que circulam sem cessar,
nesta massa cristalina de luz apagada.
Transparente. Foco
por onde tudo passa e tudo se transforma nos olhos.
e os outros sem nada saber, tiram lições
do evidente, cantando-me a música em vez da vida.
Transparente. Simples
e cruel, que se deixa ir e se deixa levar,
no turbilhão de coisas que fui,
e ainda estão por contar.

sábado, agosto 08, 2009

Tenho dito


Uma ou duas vezes na vida, deves cair no erro de amar alguém que não preste.
Só assim vais encontrar alguém de valor
.

domingo, julho 19, 2009

As rotações.


Empurrem-me que não quero ir,

Ajudem-me somente para não ficar

perdida na imensa vontade de aqui permanecer.

Nas asas do destino alguém me ajude a voar,

a encurtar tanto caminho,

que faço questão de ver passar.

E a cada canto, devagarinho,

pé descalço sobre a madeira,

vem a menina de mansinho

dançar modinhas da beira.

Empurrem-me que não quero ir,

dar rodas na saia para dançar,

que a cada nota grito um destino,

tão longo e tão imenso,

que me canso só de cantar.

E nos caracois de curvos cabelos,

doces ternuras vêm procurar,

enganem-se os diabos da gentes,

que a inocência aqui perdeu lugar.

Empurrem-me que não quero ir,

a minha vida tem outro lugar.

quinta-feira, junho 18, 2009


Se precisares de alguma coisa, chama.
Chama o meu nome que sabes de cor,
e eu sairei a correr para lutar,
contra as tuas tempestades, contra o tempo adormecido,
contra os dias quentes ou algo parecido.
E sairei, mais uma ou duas vezes,
para ir ao teu encontro mesmo que não pronuncies
as letras todas do meu nome.
Eu irei sem pedires, para te dar o meu sorriso,
para te dar a presença, para te contemplar,
porque metade das vezes precisamos de coisas que não pedimos,
queremos que isso nos seja entregue de mão cheia,
quando na realidade ambas estão vazias.
Por isso chama mesmo sem precisares,
Que eu apenas sou bom a ser quem sou,
e estas são todas as armas que tenho para lutar.

quarta-feira, junho 10, 2009


Existe uma parte de mim que não
tem o meu nome, mas tem o mesmo bater de coração.

domingo, maio 24, 2009

Andei só


Andei só,


tentando descobrir o que é o amor,


mas na viragem da rua desencontrei


os meus passos dos teus.


Andei só,


sem rumo, perdida, nos caminhos


de outros alguéns, sem ideia de saber


como chegar aos passos teus perdidos em outro lugar.


Para te encontrar na hora certa,


lancei o meu coração da ponte,


para ele em ti desaguar.


Por todos os caminhos cruzados no mundo,


as horas e os rumos nem sempre te podem levar,


mas o certo é que ninguém pode fugir de onde tem de chegar.


Andei só,


pelas ruas da noite onde só os olhos me podem iluminar


a estratégia tecida na pele.
(...)


domingo, abril 12, 2009

Me, Myself, and my heart.


O meu coração já se partiu,
já caiu ao chão, já se perdeu, já andou por onde não devia.
O meu coração já se colou, já juntou todos os pedaços,
já cresceu, apertou e mirrou.
De todos os pedaços de que é feito, conheço-lhe as formas,
os aromas e as cores. De todas as mãos que o ajudaram a construir,
conheço-lhes os traços e recordo-lhes as expressões eternas.
O meu coração é feito de momentos, de retalhos de vida,
pedaços colados, cosidos, mal encaixados, outros bordados.
Ainda assim, este amontoado de vida continua a funcionar.
Mesmo cheio de defeitos lamexas, este coração ainda trepida.
O meu coração já sabe de cor o nome do amor,
mesmo que as palavras mudem e os rostos se alterem,
existe sempre uma arritmia de ritmo diferente que o faz cair de novo,
em um novo sorriso, numa nova promessa, num novo caminho,
seguida de uma turbulenta aterragem.
O meu coração não se cansa de voar, mesmo sabendo que muita coisa
provavelmente ficará longe de se encontrar.

domingo, abril 05, 2009

Mensagem do Dia Mundial Do Teatro 2009


Dia Mundial do teatro foi criado pelo ITI -Instituto Internacional de Teatro/UNESCOAugusto Boal (Encenador e Teórico Brasileiro, criador do Teatro do Oprimido)


Todas as sociedades humanas são espetaculares no seu quotidiano e produzem espectáculos em momentos especiais. São espetaculares como forma de organização social e produzem espetáculos como este que vocês vieram ver.Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas de forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo aquilo que fazemos no palco fazemos sempre nas nossas vidas: nós somos teatro!Não só os casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais quotidianos, que por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só rituais de pompa, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Parlamento ou uma reunião diplomática – tudo é teatro.Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espectáculos da vida diária onde os actores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana.Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver num mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com o nosso dinheiro guardado num banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas das suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.Há vinte anos atrás, eu encenei "Fedra" de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espectáculo, eu dizia aos meus atores: - “Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida”.Vendo o mundo para além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em vossas casas com os seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!Actores somos todos nós, e o cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!

quarta-feira, abril 01, 2009

Perfeito Desconhecido.

Às voltas pela cidade, por suas que não tem idade,
eis que ambos se cruzam sem maldade.
Os olhos presos nos olhos, o sorriso que não sai
por não haver tempo de reacção.
No segundo seguinte são rostos esquecidos, feições perdidas,
imagens sem memória. Os caminhos percorrendo
os passos e os outros vultos, os outros rostos e as
frases a meio suspensas ao passar de um momento
para outro lugar.
Eis que ambos se cruzam de novo, desta vez
sem intenção certa ele pára.
Ela, presa no seu caminho, sorri.
- Posso-te fazer companhia? - diz ele.
Ela ri, o sorriso nervoso do inesperado, ele olha-a de novo
sem feição, e ela avança quebrando-lhe aos poucos
o coração.

domingo, março 29, 2009

Perdoem-me- preciso de desaculturação

Sinceridade...Pois bem, não me encontro mental e fisicamente na posse todas as minhas faculdades neste momento, perdoem-me erros ortográficos, distrações e outros que tais.
Isto é sinceridade...Ainda há pouco alguém foi tão sincero que disse em frente de muitas das pessoas que eu gosto, que não gosta de mim. Louvo a sinceridade...agora questiono se ela é assim tão meiga que tira todas as duvidas que correram a cabeça desses mesmo que até gostam? Vá, se aquilo tivesse sido em outro contexto, até aceitaria sem grande preocupação? Mas a gritar? Alguém completamente bebado a dizer que não gosta de mim? Alguém a gritar que gostava de toda gente menos de mim? Tenho a certeza que a esta hora a Laura já disse que adorava ter visto... É destas coisas que é feito um grupo de amigos... de sinceridade! Ainda bem que muitos de nós conseguem guardar a sinceridade toda para eles, e deixar escapar aquilo que é moralmente aceite.
Pela primeira vez na vida recebi uma critica de alguem que não me provocou qualquer alteração. Minto se não disser que me incomoda o que os outros ficaram a pensar, isso sim fiquei. Mas agora a crítica, incomoda-me por não me incomodar, de forma algum. Foi um momento tão infeliz, ainda que admirado e re-pensado por alguns dos presentes. Porque quando é ao lado sai muito bonito, porque nos sentimos mais fortes e distanciados. A vida é teatro (ouvi tantas vezes esta frase ontem que ficou gravada cá dentro.) e isto não foi mais que um momento, daqueles que só acontecem no cinema.Encenação, Sinceridade...As palavras são tão fortes que por um lado, o Teatro é real, mas é aceite como mentira, a vida é um teatro, porque ninguém é o que é.
Sinceridade...Dá vontade de pensar nas coisas, mas eu não estou (frizando) mental nem fisicamente em condições de parar para pensar, porque a vida é curta, eu não quero perder tempo, e eu sou feliz como sou, na minha essencia, que só conhece quem eu quero, ou quem me descobre por acaso. Fora isso sou exactamente o que alguém me disse depois de dizer que não gostava de mim: Alguém que parece uma coisa e não o é. Desconhecimento...Pois não tem mesmo nada a ver com sinceridade!

quinta-feira, março 26, 2009

Amor é a palavra.

Ouvindo o ranger do soalho que te trás para mim,
sobre os passos leves caminhados, posso
jurar na penumbra da noite que estamos enamorados.
Na gentileza cedida pelas horas, a tua espera constante,
demorada, arrasta vagarosamente as memórias da
tua ausência, agora sabotada pela minha imaginação.
Acredito que te podia oferecer o meu amor
eternamente, até o meu coração parar o ritmo das certezas,
até outros passos encontrarem os teus, em mais uma madrugada.
Talvez seja mais sensato não te oferecer promessas de vida, talvez
os meus olhos ainda não tenham visto tudo, todas as cores,
todas as sinfonias, todos os caminhares.
Hoje adormeço no compasso dos passos, na certeza
que o teu corpo caminha, somente na minha direcção.

sábado, março 21, 2009

Desvariadarosamente

Uma nuvem cor de rosa passeava pelo campo. Começou a chorar algodão doce emocionada. A nuvem cor de rosa queria ser um girasol, mas cor de rosa não podia. A natureza somente concedia um desejo a cada nuvem, e a nuvem cor de rosa, encantada com um por so sol, decidiu que queria ser cor-de-rosa.

domingo, março 15, 2009

Monólogo da sombra.

Na companhia do mundo,
pelo rostos desconhecidos
teço as linhas imaginárias que nunca te encontrei,
e vejo as mãos a falarem, nas tuas sempre caladas,
as expressões de todos no teu rosto pálido de acção.
Será que algo ainda existe ai dentro?
Conta-me o que te move por entre os outros?
Há tanto que eu te queria falar das coisas que não entendes.

Sozinha é que não

o que eu queria era paixão
embrulhada como rebuçados,
o rosto sincero do amor,
e aquela paz que me agita,
tudo aquilo que cá dentro grita.
Sozinha é que não,
sempre pensei, convicta
Agora que já te aprendi,
As ideias mudaram,
E o grito preso cá dentro,
São as imagens que passaram.
O que eu queria era paixão,
o brilho dos olhos na lua,
E tu o espelho dos meus,
um reflexo feliz do coração.
Sozinha é que não,
sempre pensei enganada,
Agora que eu já te entendi
Fujo sempre que sou amada.
Ando só, nunca perdida
Amei por me encontrar,
Nas viagens do presente,
Sorrir sem nunca parar,
Na vida eternamente.
Sozinha é que não,
O mundo cheio de companhia,
As vazias para dar,
E nós cheios para receber,
Nunca nada será igual,
Há sempre alguém que fica a perder.

quarta-feira, março 11, 2009

Presente Ausente

No silêncio sem sabor das horas,
procuro o aroma dos beijos ocultos,
os beijos não dados,
e todos os sentimentos extintos.
Podia desconhecer a tua presença,
mas ela ocupa-me os espaços em branco,
onde falta o amor,
espaços fora dos lugares
e caminhos percorridos sem passos.
É assim que a vida desliza,
dias e noites de olhares
parados em outros olhares,
música nos ouvidos no
silêncio das palavras preenchidas.
Na virtude de não saber falar
a língua dos desentendidos,
de nada me valem as palavras não
ditas na tua presença.

Distração antes da Vida

Isto não é nada,
nem o que parece, nem o que não é.
Isto não é nada,
palavras colocadas simetricamente,
e que nunca se tocam.
Já disse: volto a dizer,
Isto não é nada,
Nenhuma palavra se pronuncia,
nenhuma se relaciona.
Isto não é nada,
A sintonia deriva da composição.
Isto não é nada,
Nem musica, nem poesia.
Nem outro qualquer tipo de alegria.
Isto não é nada,
Apenas uma distração antes da vida.

quarta-feira, março 04, 2009

Vento no coração.



Percorriam caminhos imensos sempre de mão dada. Sorriam um para o outro sem precisarem de dizer uma palavra que fosse. Era desnecessario trocar os passos certos por dois murmurios. Tudo se dizia no ritmo dos pés, no bater do coração, automato disciplinado. Ela caminhava na verdade sozinha. Imaginava a pessoa ao seu lado e dava-lhe rostos. Expressões que já tinha conhecido há muito e das quais sentia saudade. Era confortavel pensar que o seu corpo tinha um lugar onde cair sempre que o vento soprasse e os cabelos ficassem à frente dos olhos. Ela sabia de cor o gesto seguinte, ele tirava o cabelo da frente da sua cara e assim que ela lhe conseguisse captar o sorriso era silenciada com um beijo. Hoje o vento trazia o cabelo para a frente do rosto, mas deixava as mãos suspensas, deixava o beijo guardado na caixa das memórias poeirentas. Havia tantos momentos para recordar naquela cidade, as mãos dadas, as pessoas que seguiam umas contra as outras em sentidos opostos, ele que a segurava com carinho, ele que sorria como uma criança feliz.
Ela sorria agora sozinha, sem destinatário, e esperava. Que o vento parasse de soprar e que o seu coração acalmasse a ansiedade de mais um momento. Não eram mais nada, sabia-o. Mas não queria acreditar nessa possibilidade de ausência que se instalava de mansinho na sua vida.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Diria que já é tempo.

Diria que já é tempo,
já é mais que certo
que a indiferença de outros dias
não passa por nós da mesma maneira.
Diria que já é tempo,
de acordar os olhos do sono,
a alma do fundo,
e todos os seres da escuridão.
A ti,
diria que já é tempo,
de levantar os braços
e aprender a sorrir,
Tempo de coisas novas,
de gestos antigos,
De sentimentos reciclados.
Diria que já é tempo,
de ver mais que objectivos
de entender o que é certo,
sem desprezar o errado.
A ti,
rejubilo o amanhecer
canto poemas tontos
de orgulho escrito,
Proclamo a tua verdade,
porque sempre a precisas de saber.
Diria que já é tempo,
de mostrar o carinho imenso,
mais certo que a própria chuva,
e que faz o coração bater.


( Para a minha Fipa que sempre me dá uma bola palavra quando é preciso)

Casa de Artistas


I

Quando chegou a portugal todas as ruas lhe pareciam pequenas demais. Começou por pensar na claridade, na luz ofuscante vinda do sol a que nada se compara a luz do sol do seu país. Pensou que talvez nunca se fosse habituar a essa luz que irradiava de todos os lados, principalmente da calçada portuguesa, da branca tanto como da preta.

O pouco que conhecia de Portugal tinha-lhe sido contado pela avó materna. A avó apesar de passar maior parte do tempo em Nova York não desperdiçava qualquer oportunidade de viajar até Lisboa durante uns bons meses. Quando era mais pequena chegou a vir de férias com ela, mas a unica coisa de que se lembrava era de um jardim com um cedro enorme que pensava não existir mais.

Foi a sua chegada ao Princípe Real que despertou a memórias de quando era pequena e do Verão que aqui tinha vivido. Afinal a àrvore ainda lá estava, apesar de lhe parecer agora mais pequena.

Tinha sido a morte da sua avó que a tinha trazido de novo a Portugal. Além de querer reviver alguns dos momentos que ali tinha passado com ela, pertencia-lhe agora a chave da velha e empoeirada casa no bairro alto. Já tinha ouvido falar muito daquele lugar e de como a vida nocturna ganhava ali um novo sentido para gente jovem como ela.

Ao encontrar a porta, pequena e verde, com uma janela de onde não dava para ver nada, soube logo que era ali. Conseguia ver a sua avó à janela a admirar as portuguesas que falavam alto de janela para janela. Lembrava-se da miscelania de roupa nos pequenos estendais que pingavam para cima das cabeças de quem passava. Hoje havia pouca roupa nos estendais e metade das janelas pareciam adormecidas há já muito tempo.

Rodou a chave na fechadura e a porta abriu-se mostrando uma enorme escuridão que contrastava com a claridade da rua. Parecia que também ali muita coisa tinha morrido.

Entrou e deixou as malas a segurar na porta enquanto foi à procura de algo que a pudesse iluminar no reconhecimento da casa, arrastando apenas consigo o velho saxofone.

Abriu as janelas todas do andar de baixo e só ai se apercebeu que existiam umas escadas para cima. Subiu sem pensar e encontrou o primeiro andar como uma casa-museu.

Pelo que observava. ou a sua avó dedicava imenso tempo as actividades artisticas, ou ali já tinham vivido muitas pessoas diferentes, com hobbies de todos os géneros. Sentou-se no quarto que pertencera à sua avó para pensar um pouco, no que poderia fazer com aquela casa enorme que agora era dela e o que iria fazer primeiro.

Tinha duas cozinhas, seis salas diferentes, oito quartos que poderiam ser desfeitos e aproveitados como estudios e ainda seis casas de banho. Muita coisa para uma americana a acabada de chegar ao país mais calmo do mundo como ela dizia.

Da janela tudo lhe parecia demasiado intacto, demasiado parado no tempo. Portugal sempre tinha tido essa imagem para si: um país parado no tempo. Como se ao chegar aqui, entrasse realmente no mundo da sua avó e ela estivesse de novo no seu quarto perdida no seu imenso guarda roupa.

Aquela era a sua oportunidade de começar de novo, a oportunidade certa para esquecer o que tinha ficado para trás e começar do zero. Enquanto se perdia cada vez mais nos seus pensamentos, kate olhou para a cómoda antiga da avó e viu um pequeno envelope amarelecido. Agarrou nele e tirou de lá de dentro uma carta, um manuscrito com mais de 10 anos, escrito da ultima vez que Amélia estivera em Portugal.

domingo, janeiro 18, 2009

1ª Discussão (O Balão da Joana)


Naquele instante
Em que o coração se contraiu,
Em que a respiração teimava em oscilar,
Em que as palavras saíram todas erradas,
Naquele instante,
Senti o amor todo,
Preso num balão cheio de ar,
Frágil, Vacilante, indefeso.
E as tuas palavras que teimavam ser alfinetes
Lançadas em todas as direcções
Pareciam não o conseguir alcançar.
Naquele instante,
As palvras não tocavam no amor,
Mas amachucavam o coração,
Feito de papel.
Amassado como se fosse rascunho,
de uma grande obra desprezada.
Aquele instante,
Agora esquecido na memória,
Foi como o vento a soprar o balão,
Perdido no teu universo,
Esquecido na tua enorme imensidão.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

A crise e mau estar da sociedade em que vivemos.

Perante tantas noticias que nos mergulham todos os dias sobre corrupção, bancos a fechar, taxas de juro, aumento dos combustíveis e afins, decidi que também o meu espaço virtual devia deixar por alguns momentos a ficção e se dedicar à minha opinião sobre tudo isto e as suas consequencias no mundo em que vivemos.
Para mim já chega de noticias derrotistas e previsões de mau estar na sociedade. Já percebemos desde sempre que a vida não é um mar de rosas e que se queremos chegar a algum lugar temos que nos mexer e lutar contra a maré. De facto eu não sou o melhor exemplo para estas coisas de andar para a frente e sorrir, pois também sofro da doença crónica de mais de metade dos portugueses: " o deixa andar".
Ao ser confrontada no outro dia com este defeito moral dei por mim a pensar em coisas importantes como o estado do pais e, acima de tudo, com a influência destas noticias na nossa maneira de ser e agir.
Como mais de metade dos portugueses não compreendo muito bem o que é esta coisa da crise; já percebi que pagamos mais e recebemos menos, percebi também que é dificíl andar para a frente e encontrar trabalhos maravilhosos como aquele que ofereceram esta semana na Austrália. Pena eu não saber fazer mergulho e o meu inglês não ser o melhor, porque acho que me sentia capaz de viver numa casa de luxo e andar o dia todo a olhar para corais.
É claro que esta noticia levou ao "Boom" dos desesperados que neste momento procuram na net cursos de mergulho de um mês, ou mesmo cursos de inglês em 30 dias para fazerem a sua apresentação em video e assim se candidatarem a uma vida de sonho.
Na minha medíocre opinião, esta coisa da crise não é mais do que uma doença facilmente contagiosa da parte dos media. As pessoas ficam com medo, tiram o dinheiro do banco e escondem-no debaixo do colchão; quem não tinha muito dinheiro continua a não o ter e quem o tem, tem medo de o investir e como acha que este vai acabar resolve vender os seus valores.
Ora se isto está tão mau, quem tem dinheiro devia faze-lo mexer para fazer andar para a nossa economia, ou não? Afinal de contas se os americanos conseguiram tirar o "Jorge Bruxo" do poder, nós também podemos mudar as coisas.
Dizem que é dificíl encontrar empregos decentes e por consequência, também a vida se torna mais dificíl. Esta semana tentei enviar o meu currículo, que não tem nada de magnífico que me confira experiência para bons trabalhos e, surpresa das surpresas, no dia seguinte tinha resposta de todos eles a marcar entrevistas. Será que o país está mal, ou que as pessoas se tornaram tão exigentes que não se contentam a começar por baixo? Cá para mim, toda gente quer é um primeiro trabalho como gestor de uma empresa, ou como chefe de qualquer coisa com direito a carro e a ordenado com muitos zeros no fim.
Não condeno a exigência das pessoas em ter boa vida e em sonhar, condeno sim a falta de modéstia de quem está a começar agora.
Se este mau estar vai continuar (muito por culpa dos media que ultimamente nos tem arrastado com preocupações por causa do frio e da chuva, quando isso são coisas normais.) sugiro que as pessoas comecem a pensar nas soluções e não em conformar-se com aquilo que nos é imposto. Se a crise continua nós só temos de aceita-la e fazer os mercados andarem para a frente do modo que nos for possível. Deixar de acreditar e ficar em casa a ver as notícias na televisão parece-me uma atitude demasiado vaga.
Se a cada coisa que fizermos pensarmos mais no futuro e tirarmos a cara de carrancudos que as noticias nos colocam, provavelmente as coisas serão melhores. Falta esperança no rosto dos portugueses, faltam objectivos e dinheiro no bolso, mas tudo se consegue com boa disposição e vontade de fazer as coisas mudar.
Na minha , mais uma vez, mediocre opinião, o que falta nos portugueses é vontade de sair do sofá e descalçar as chinelas, assim como boa disposição para fazer o que fazem bem feito.

Por favor, selecionem as noticias que vêm na televisão e façam delas não mtivos para desistir, mas força para continuar, afinal : Quem tem algo por que viver é capaz de suportar qualquer "como". (Nietzsche)