Oiço um eco na minha cabeça, qualquer coisa que grita cá dentro até lhe saltar o espírito.
Em que caminho ando eu a pisar os dias, será tudo isto realidade ou serei eu que me tento refugiar em fantasias, daquelas que se vestem em Fevereiro para sermos quem não somos, para sermos mais, menos, ou mais ou menos aquilo que queremos ser.
Tentei esconder todos estes receios numa caixa mas eles eram tantos que muitos ficaram entalados nos rebordos onde a tampa e a caixa de beijam, sinto-os a gemer de dor por não fazerem parte nem de dentro nem de fora, estão perdidos na sua realidade.
Agora não posso fazer nada. Não sei se alguém os ouve ao longe, não sei se alguém percebeu o que me aflige a alma, que me deixa arrepiada e cheia de traças na barriga e me faz cair crua no abismo que é a minha vida.
Tenho um labirinto na direcção do olhar, não sei explicar a ninguém como sair de lá, nem sei como cheguei aqui, quanto mais como se cruzam os pés dentro de paredes sem tecto.
Acho que preciso de algo que me faz fugir durante o seu encontro, não devia ser assim, mas as forças estão descontroladas, já não sei qual é o norte, acho até que encontrei o sul perdido.
Tenho o espírito doente com tanta confusão, só espreitei um pouco para ver os seus contornos e só vi linhas em nós, laços apertados, fibras gastas e comidas pelo sol. Fechei os olhos. O medo invade-me a cada passo que dou, à medida que troco o meu peso de pé para pé, de sapato em sapato se os tivesse calçados. Não quero andar. Tenho medo de não ter força para abrir os olhos antes da chegada do abismo. Mas qual abismo? Vejo-me lá no fundo mesmo sem abrir os olhos, vejo um corpo estendido lá em baixo, não é o meu, um corpo mais forte, terá caído antes de mim? Será que caí?
Oiço um eco na minha cabeça, qualquer coisa que grita cá dentro até lhe saltar o espírito. Medo de não ser, medo de não conhecer, medo de não conseguir entrar-te na vida, medo de tudo. Mas porquê medo?
Sinto-me um ponto final. Igual ao último que se leu, ao último que não viste porque não ligas a pontuação, pergunto se alguém se apercebeu conscientemente do valor deste sinal detector de atenções? Será que todas histórias acabam num ponto final? Qual é a história que vais escrever depois de mim?
1 comentário:
ler todo o blog, muito bom
Enviar um comentário