quarta-feira, outubro 26, 2005
continuação..Porque o fim é meramente artificial...tudo o que se recorda nunca acaba...
Já sei, já sei não precisa de reclamar pela minha atenção protestando mais uma vez que só falo em solidão nos capítulos que se estendem como estradas por caminhos que não são meus nem conheço dono, mas sabe como são as mulheres falam de tudo desbocadas, eu desconfio da minha condição feminina mas com certeza é um recalcamento por quererem constantemente mostrar que tem uma boca carnuda para ser beijada a todas as horas e ainda a qualquer altura, gosto de chamar-lhe o recalcamento do baton de rosas (haverão rosas de todas as cores para encher as bocas das mulheres desta maneira com tantas palavras?) ser sociável sem cura e sem outro modo de invenção, infelizmente somos tão mas tão sociais que damos por nós a correr umas atrás das outras como se houvesse uma bomba ou um avião a despenhar-se lá atrás onde as suas costas já não alcançam a tragédia porque desistiu muito novo em olhar para a frente da vida que tem nas costas, como se o passado tivesse deixado de escrever-lhe depois das férias de verão passadas em lugares que não lembram a ninguém conhecer., a culpa é de termos sido bem tratadas enquanto princesas e esbofeteadas enquanto escravas porque não nos ensinaram a viver no meio-termo, penduradas pelos pescoços esguios na corda bamba onde outros em truques e equilíbrios duvidosos se mostravam detentores de um poder que não lhes pertencia, mas não culpo os homens, nós só nos arrastamos porque queremos atrás dos vossos pés grandes de modo a ocupar toda a terra que vos pertence e digo-lhe em tom de preocupação tenho medo do lugar onde vai descambar esta enxurrada de gente que corre sem sentido pelos caminhos já pisados pelos outros, desconhecendo o sentir da terra húmida debaixo dos pés virgem de outros calores que não os seus, os seus pés, coçados pelas pedras de viagens onde me perdeu, onde me julgou encontrar tão profundamente que até sinto hoje a falta do sol lambendo aquele circulo branco em volta deste dedo que tenho na mão esquerda, mas não me ligue que hoje estou carente de afectos, de mãos enlaçadas de nós em cabelos frágeis e escovados num vagar nunca antes encontrado num beijo demorado de escova, de pescoços coçados por lábios meio húmidos das palavras que se disseram muito lentamente aos ouvidos de quem se tem por perto, e as mãos que abraçam afagos de corpos corroídos dos ácidos da vida. Não sei se será compreensível o que me deixa assim neste estado sentimental que tanto me lembra os dias cinzentos de Outono que se passa pendurada à janela como se tivéssemos noticias de ninguém quase e mesmo a chegar, bebendo chá em goles quentes para enganar o frio e os arrepios de vazio que sobem pelos braços acima como um raio de luz, aquele respirar mansinho que sente debaixo da camisola gorda de quente no Inverno a força explosiva de um jacto de partículas, uma ou duas apenas de oxigénio e outros resíduos gasosos simbolicamente agregados em moléculas daquelas engraçadas que se estudam na química que fazem levantar um campo de trigo quando o vento deixou de soprar somos antíteses de campos de trigo quando sentimos o vento a chegar e a levantar todas as espigas da pele. Eu gosto de arrepios, acho sensual e acho que é uma maneira do que sentimos cá dentro sair pelos poros deve ser por ai que os nossos sentimentos chegam ao exterior, quando as espigas de trigo vergadas pelo peso da falta de ar de um momento para o outro se levantam e tentam fazer frente aos sopros às palavras e às notícias que se ouvem sem esperar.
Sabe esta conversa de arrepios e trigo deu me volta ao apetite e apetecia-me agora mesmo por me bonita agarrar num casaco caso a noite fosse terminar tarde e sair para jantar depois de um convite seu, tem cinco minutos para bater à porta ou ligar, já sabe que deixo o tempo a contar devagarinho para lhe dar tempo de algum atraso desnecessário para mim mas que até posso achar piada depois, não me vá eu perder de amores a olhar para o espelho tentando que os meus olhos sejam os seus, delineando gestos e olhares para que me coloque em cima da mesa mesmo antes da refeição começar, não precisa de dizer já sei que depois de lhe ter dado este toque de impessoalidade com a terceira pessoa nem sequer devia pensar em tal disparate, mas assim sendo acho que não vale a pena dormir sobre o que já foi escrito e vou deixar do "você".
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1 comentário:
Não é justo não escreveres ha tanto tempo!!!
Fico á espera...
***********'s
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