sábado, outubro 15, 2005

Eu ou Eu

No vazio da poça de àgua criada nos lugares para inundar qualquer coisa que diluísse as dores como curaram as dores da terra criando os oceanos, os ressentimentos aumentam mas as emoções não crescem na terra envenenada para nos mudar os caminhos tomando estradas diferentes Quando o fio das leis quebrar sem justiça que número de trapezistas amadores faremos nós enrolando os pés feridos pela corda que arrancamos sem piedade dos dias, não podemos cair não podemos cair pára de chorar não podemos cair não podemos cair, dá me a tua mão isso mesmo eu sabia que eras capaz não podíamos cair, nas armadilhas no chão molhado no beijo apressado nas poças de água sujas de nós, anda não podemos parar sim más rápido até sentires que o teu coração se esqueceu de avançar uma nota no compasso ai será bom já não sentes nada, mais rápido não pares corre não me ouves rápido não ouves já as vozes atrás de nós mesmo quase a chegar aqui, eles vão nos apanhar aqui e pensar eles pensam sempre em tudo e em todos porque fazemos porque não fizemos se vamos fazer outra vez se vamos continuar ou se vamos parar porque não sabemos por onde seguir, e tu que fazes? Não digas nada eu sei que nos podes esmagar como se fossemos insectos nojentos e pouco alados das patas daqueles que rastejam por todos os lugares aos pés dos outros a vida inteira, eu sei, que podes acabar connosco como se nada tivesse acontecido sem fechares os olhos sem pestanejar sem chorar sem piedade sem nada porque esquecias assim rapidamente, eu sei que podias, até matar tudo o que somos por sermos tão frágeis e tão vulneráveis mas anda não falemos mais nisso mais depressa não entendes que eles vêm ai a correr não sentes no chão o ruir da sua passagem mais rápido cala-te corre cala-te anda, será que eras mesmo capaz de matar de deixar que o metal rodasse uma circunferência tosca na cabeça conseguias olhar o meu dançar bailado de forças que se escorrem como chuva no corpo que seria mesmo só um corpo terias coragem de me deitar pela ultima vez no chão desta vez sem desejo nem paixão, nem quero pensar não me distraias não me mantenhas à parte do mundo que aborrecimento, volta a segurar na minha mão vá anda com força, concordo que as vezes nem temos razões para encarar a solidão deixamo-nos levar como tu agora pela minha mão enquanto coordeno o falar com os passos desajeitados dentro dos sapatos que me magoam imenso o chão que piso, sabes vou fazer de conta que acredito nesse teu olhar solene para a ocasião que quase me diz tanta coisa como eu que nada te digo a ti não te faltam as palavras só as significações mas estás perdida, agora não aqui comigo já te disse para não chorares, cala-te e acende uma vela assim que a luz chegue para te esgueirar a iluminação no rosto para vislumbrares o medo que te sombreia o rosto que horror de se ver procura lá a vela só na escuridão o sofrimento faz sentido procura a luz não me obrigues a gritar levanta-te dessa poça vais ficar doente de ti, estou a ouvir a tua voz lá longe não te percas, ainda sinto a temperatura da tua mão na minha não pares de andar, não deixes que a água faça parte de ti não carregues o passado molhados nos trajes que te impedem de correr despe-te está a percorrer-te o corpo todo despe-te já, imagino os fungos das sombras e das humidades a aglomerados a brotarem-te dos poros, despe-te foge salva-te ainda tens espaço no tempo, já ouço os passos deles perto o barulho a ruir na minha cabeça não consigo ouvir-te andar os pés pesam no pânico eu sei que é ele, pânico, milhares e milhares de gemidos e uivos rastejados todos ao mesmo tempo e saltam e rasgam as roupas e fazem tanto barulho, ai a minha cabeça eles chegaram corre salva-te a arma está carregada salva-te, calem-se calem-se calem-se deixem-me escutar os passos de um silencio que não chega parem já não estamos sozinhos, tenho a arma carregada acaba com isto salva-te, mas mas mas tu és eu vejo-me em ti és tu sou eu em ti sou eu, salva-te dispara, não me mates.


{acabei de me perder de mim...}

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