A cidade suga-me a alma a cada instante que passa mal calculado no relógio que se ganhou nas férias pelas obrigações bem concebidas, os transportes esmagam-me contra os caminhos longos a percorrer em busca de um outro alguém ou de mim mesma, os caminhos estão compassados no tempo e tudo acontece na hora errada, o sermão à noite e de manha como os padres nossos e as avés marias certas no olhar dos velhos colados no tecto dos quartos imundos onde se descobrem as vergonhas e as verdades, as fragilidades. Toda a felicidade acaba porque não há felicidade há sim momentos felizes como este ou aquele que passou que ficava bem nas fotografias se as tivessemos tirado, mas a memória falha como os riscos nos discos que engasgam as músicas das vozes das pessoas. Não se pode falar de musica é arte, não se pode falar de teatro, ou de literatura a mamã não gosta que a pequenina siga os caminhos dos espectáculos porque só existe gente vigarista ,balbucia ela a jeito de ser ouvida bem cá no fundo, só gente vigarista. Sabe apetecia-me perguntar as pessoas que encontrar amanha nas rodas com bancos onde se enlatam pessoas vivas (não tem medo disso mamã?) se algum deles é vigarista, se encontar um vigarista que será que tem ele para me oferecer, os politicos oferecem e são vigaristas, também farão eles parte do espectaculo? Porque será que se desacredita quem pensa diferente, quem pensa pelos outros que nada fazem, porque será que não há lugar como nos autocarros onde por vezes se faz malabarismos nos corredores, um jogo do segura aqui segura ali, perna direita para a frente perna direita para trás, próxima estação cidade universitária, e lá saem os carneirinhos atrás de alguém que perdeu a fé atrás de uma secretária e se dedica a ensinar vigarices como diz a mamã.
Mamã eu ouvi lá no fundo e sabe, a cidade suga-me a alma.
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