segunda-feira, março 31, 2008

Nas folhas infinitas do meu poema

Nas folhas infinitas do meu poema
faço rebentar o coração
partindo-o em pedaços de coisas vãs
Por palavras não se sente a dor
no corpo, a dor das àrvores
a dor da alma da natureza.
Amor em pedaços invisiveis.
Nas folhas infinitas do meu poema
estilhaçam-se nos ouvidos
as relações e as solidões sem gentes
é na alucinação dos sentimentos
que ambos o deixam de ser.
São só palavras e não coisas
desumanizadas
Sem alma, sem sentir
Nas folhas infinitas do meu poema
faz-se de conta no existir.

segunda-feira, março 24, 2008

Eu ou Eu

Sorrisos sinceros Sapatos Cores vivas Música dos anos 80 Heat of the moment Flores na Primavera Túlipas Brancas Bouquets Dançar sem ninguém estar a ver Olhares atrevidos Livros apaixonantes Músicas de uma vida inteira Rir de piadas sem graça Os melhores amigos do mundo Encontrar dinheiro esquecido Presentes feitos por quem oferece Tardes no café Ouvir música no mp3 Paris Vodka Preta Roupa de Verão Nadar Andar descalça Andar de carro à pendura Dar beijos na boca com o pezinho levantado Amor Abraços apertados Your Love O silêncio Escrever O solo de uma guitarra Poesia Mandar sms’s Acordar com ataques de sinceridade de alguém Fazer asneiras O cigarro perfeito Sinceridade Bryan Adams Tricot Malas Meias giras Bolinhas Tim Burton Tarantino Amélie Cinema Francês Miminhos Fotografia A minha máquina Lomo Artes do Espectáculo Teatro Shakespeare À Espera de Godot Johnny Depp Andar de Metro Correr Dormir Pianos de cauda O som dos pianos Cartas Escrever no meu Moleskine Conversas interessantes Cultura Psicologia Festivais de Verão Momentos de Introspecção Trapos Borboletas na barriga Ginásio Praia Segredos Miúdos pequeninos Placebo Blog Lugares e Luares Meus Jardim da Memória Pessoas Especiais Encontrar pessoas de quem tenho saudades Comprimidos para as enxaquecas Post Blue Straight From The Heart Pés Não dar conta das olheiras Rockeiros Estrelas Pôr do sol A lua cheia em boa companhia Acordar acompanhada e com beijinhos Lamechice discreta Bad Boys António Lobo Antunes José Luís Peixoto Reunião Toilette Conversation PiniWorld M80 Prima reguila Singstar Maquilhagem Cantar no Banho Massa Canetas Pretas Cadernos Pacotes de Açúcar Cenas Zen Bacalhau com natas Beijinhos da mãe A Fnac A palavra Solidão Melancolia Estar rabugenta com sono Limão em tudo Cariocas Lisboa Sair para beber café Viagens O mundo todo Tradições diferentes Saudades de casa O primeiro amor Artesanato Ir ao teatro com a mãe Grease Paixão Noites loucas de copos Ilha Hard Core Viseu A palavra mágica Concertos na Aula Magna Boas notas Falar sem dizer nada Bolo de Chocolate Avelãs Lixias Amar sem ter noção disso A Tainted Love para dar ideias arrojadas e tantas, mas tantas outras coisas para ser feliz…

domingo, março 23, 2008

Uma luz


Não estamos sós,
somos sozinhos um do outro
por de trás das portas onde escondemos
o recordar. Há uma luz que brota
de um sorriso sincero.
O amor.

segunda-feira, março 17, 2008

(Uma futura peça de teatro)


Celeste: Alguma vez olhaste para esta janela sem ver o que está lá fora??

Marques: O que estás para ai a dizer?!

Celeste: Estou a perguntar se alguma vez conseguiste olhar para a janela sem ver o que está lá fora? Não é fácil... Mas depois de tanto tempo aqui sentada acho que já consigo olhar em frente sem ver nada.

Marques: Cada vez estás mais complicada de perceber Celeste...Acho que deviamos pedir ao João para nos levar a ver as coisas lá fora de vez enquando. Faz-te mal ficar tanto tempo aqui fechada.

Celeste: Achas mesmo? Entre mim e a minha imaginação só está uma janela de quatro vidros transparentes. Mesmo assim, sou feliz por dentro. E olha que hoje em dia ser feliz é uma tarefa complicada.

terça-feira, março 11, 2008

Rua dos Morangos

A primeira coisa que vejo quando saio do metro são sempre os pombos. Ao contrário de toda gente, eu gosto de pombos. Encaro-os como uma espécie de tempero característico desta cidade que a cada dia que passa fica mais velha e adormecida em si mesmo.Ao subir a avenida, antes da rua dos morangos encontro de tudo. É como se fosse um centro comercial ao ar livre onde estão representadas quase todas as pontas do mundo. Pastelarias, todas com os mesmos doces nas vitrinas, talhos, que exibem gloriosos animais mortos pendurados por um gancho, frutarias, onde existem todos os frutos que se desconhecem, retrosarias, com artigos parados no tempo, sapatarias....O particular de todos estes cubículos é que metade dos comerciantes que se instalaram ali não são portugueses. Deve ser esse o motivo pelo qual penso sempre que aquela rua me faz lembrar uma Marrakech limpa e organizada. Depois de observar todo este andamento internacional, onde tenho de abrandar o meu passo cheio de pressa porque alguém leva a idade a pesar nos joelhos estou finalmente ao cimo da rua. Atravesso a estrada e entro num jardim, onde faltam flores no meio de algumas árvores que se vestem com calma para o início da estação. Contraditório a este pensamento do renascer da Primavera, este jardim é povoado por velhos. São tantos que por vezes nem noto a presença dos pombos quando ali passo. Estão sentados em bancos de jardim, em mesas onde jogam às cartas, ou mesmo de pé conversando uns com os outros a memória de outros tempos. Sempre que ali passo atravesso o jardim na diagonal onde me cruzo com aquela flora dominante e onde encontro sempre a figura particular. Essa figura particular é um velhote que se veste com fatos de treino de tecidos estranhos usados nos anos 90 e que fala sozinho como se fosse um deputado. Tem dias em que anda de pé de um lado para o outro para mostrar o seu descontentamento, em outros dias está sentado a olhar para o chão e a falar baixinho. Junto dele existe sempre um cão castanho, grande e fiel. Suponho que seja o seu cão, o seu fiel amigo que o escuta em todos os momentos e assim se integra naqueles pedaços de representação do real. É um quadro vivo, que além de mim, poucos dão atenção.Ao atravessar a estrada entro na rua dos morangos. A rua dos morangos não se chama rua dos morangos, mas gosto de pensar que sim. Nesta rua há imensas lojas de comércio tradicional, o comércio português adormecido que contrasta com a rua anterior dos meus passos. Aqui parece que nada andou nas linhas do tempo. As mercearias fazem lembrar as lojas da aldeia com tudo pendurado à porta. Existe, mais a baixo, uma senhora que faz arranjos de costura numa máquina antiga a pedal, e onde podemos ver pela janela um pequeno atelier cheio de bordados e coisas que eu pensava já não existir. Há pequenos cafés com apenas duas mesas lá dentro para clientes, duas padarias onde numa estão sempre três mulheres à conversa, e a outra está sempre fechada à hora que passo. Quase no fundo da rua há uma loja de mobílias que parece ter ido buscar todos os artefactos às casas das nossas avós, no entanto as mobílias estão imaculadas e ainda não estiveram em casa de ninguém. A rua dos morangos parou no tempo. Mas na rua dos morangos começou agora a primavera. Em todas as frutarias ou mercearias ao longo da rua existe pelo menos uma caixa de morangos na porta. São essas caixas de morangos que todos os dias mudam de preço devido à fragilidade do fruto e que dão um cheiro característico à rua dos morangos. Metade das vezes são frutos pequeninos, já meio pisados de tantas escolhas. A rua dos morangos parece ter adormecido há vinte anos para despertar agora com rugas. Há pessoas nas janelas que vêm passar os carros, velhotes que se arrastam pela calçada a cima com pequenos sacos de compras, por vezes morangos, muito poucos morangos no saco.

quarta-feira, março 05, 2008

Colagens

Do que é que precisas?
Harmonia perfeita num só lugar
grandes dias pequenos mundos, que fizeram história
A estória, porque é bom ler. Cartas
Livros, a palavra mágica... ninguém vive sem plavras.
para grandes males a arte do José Luis Peixoto e o
Johnny Depp requintadamente belo, envolvente e apaixonado
Os sonhos, as ilusões, wings
Ser criança! mais mimos sem fim
Paixões fortes, olhar sem medo
A desordem da sua vida, a mudança.
O lado selvagem da vida e da morte
O tempo, as horas, a janela e o vento
A amizade é já um manual de sobrevivencia. A única
Grande receita que talvez não resolva o
que não costuma fazer sentido mas
muito relevante
A amizade não tem preço. Não tem mesmo.
E cá estamos nós de maõs dadas, Fipa dançando o universo da alma.
bi-jou-x


[Isto são pedaços de revistas colados de modo coerente, que serviram para colocar sorrisos na cara de uma pessoa]

Partida --------------Chegada


Vesti a camisola vermelha que deixa o umbigo de fora.
Corri pela rua, descalça, com o maior sorriso que conseguia segurar.
Agarrei as tuas mãos e olhei-te nos olhos de uma só vez.
Tocamos todas as músicas que amamos num só olhar.
Dissemos as palvras através das notas de um reportório do passado.
Aquilo que o coração sente é música, o compasso certo de uma arritmia apaixonada.
É nessa cadência agora ritmada pelas ideias descansadas que corro de novo.
Com a barriga a sentir o vento que já não se cola no corpo presente encoberto.
Ficaste ao longe, muito perto da memória, na efemeridade que foi tudo aquilo que passou.
A viagem, finalmente, encontrou o seu destino.

domingo, março 02, 2008

Um.




Há um silêncio que anoitece o nosso encontro.
A espera arrastada no comunicar dos corpos
Na ousadia contida na ponta dos dedos
A noite que cai sobre o nosso encontro.
Faz-nos mais sós do mundo, a escuridão.
O equilibrio das palavras amarradas
nas bocas, transparece a harmonia
Do bater do coração
Sem palavras, o grito abafado do abraço
Uma única emoção no acender da luz
Há uma noite em nós
Onde começamos dois e acabamos,
Um.