Percorriam caminhos imensos sempre de mão dada. Sorriam um para o outro sem precisarem de dizer uma palavra que fosse. Era desnecessario trocar os passos certos por dois murmurios. Tudo se dizia no ritmo dos pés, no bater do coração, automato disciplinado. Ela caminhava na verdade sozinha. Imaginava a pessoa ao seu lado e dava-lhe rostos. Expressões que já tinha conhecido há muito e das quais sentia saudade. Era confortavel pensar que o seu corpo tinha um lugar onde cair sempre que o vento soprasse e os cabelos ficassem à frente dos olhos. Ela sabia de cor o gesto seguinte, ele tirava o cabelo da frente da sua cara e assim que ela lhe conseguisse captar o sorriso era silenciada com um beijo. Hoje o vento trazia o cabelo para a frente do rosto, mas deixava as mãos suspensas, deixava o beijo guardado na caixa das memórias poeirentas. Havia tantos momentos para recordar naquela cidade, as mãos dadas, as pessoas que seguiam umas contra as outras em sentidos opostos, ele que a segurava com carinho, ele que sorria como uma criança feliz.
Ela sorria agora sozinha, sem destinatário, e esperava. Que o vento parasse de soprar e que o seu coração acalmasse a ansiedade de mais um momento. Não eram mais nada, sabia-o. Mas não queria acreditar nessa possibilidade de ausência que se instalava de mansinho na sua vida.
5 comentários:
Pelo menos o sorriso ficou... Que não se separe dele nunca, mesmo que o chão teime em tremer nos pés e que o vento (e/ou o tempo) abale o coração.
Beijinhos
Prosseguir. E com esperança.
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Os tempos de quietude, de cumplicidade, de partilha, podem-se ter dissolvido.
Se foram bons, acompanham-nos e mesmo que não sejam uma companhia, são uma doce ilusão ou um utópico sentir.
Temos a faculdade de improvisar.
Mas também temos que esperar, porque nem sempre há tempestade no mar ... e o próximo barco talvez seja mais um ser de afeição e convívio contínuo.
sabes...ja tinha lido isto no outro dia,m n sabia k comentar....
é c as nossas ausencias que crescemos,ou n?é c elas que aprendemos a sentir novas coisas,e a evitar o k n keremos sentir..
tão bonito joanne. *
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