quarta-feira, janeiro 23, 2008

Batalha de corações


No dia do desmantelamento do coração,
a alma deixará de pesar.
O sentimento amorfo dentro do corpo
baixará para sempre as armas
à nostalgia mórbida das recordações.
O abarracamento serve para pousar o pó
e para sentir o aficamento definhar.
O coração aguerrido não quer parar de bater,
mas a artilharia ficou dispersa nos terrenos,
e as armaduras destruidas pelo fogo
jazem agora sem vida por dentro.
Sobre o levantar da bandeira lavada,
dos lençóis suspensos no arame,
abandonaremos o amor no campo de batalha.


Perdemos para sempre esta guerra.

8 comentários:

Ana Si disse...

o amor é um combate ...

Aestranha disse...

Que a alma então nunca deixe de nos pesar... Há pesos que gosto de carregar às costas... Talvez esta batalha mereça ser ganha...

Lindo este teu texto...

*

xistosa, josé torres disse...

Os corações são eternos.
A alma etérea é diáfana, não terá peso, (nem corpo).
Mas ao colher ou recolher os lençóis suspenços no arame, outras guerras se iniciar-se-ão.

Lord of Erewhon disse...

É um belíssmo poema, mas o verso último isolado não lhe faz jus.

Dark kiss.

Abssinto disse...

Gostei do ritmo marcial que tu imprimiste, Jo. De leve senti a brisa do pinhal na minha "semana de campo":)

bj

AC disse...

Optima surpresa.

Muito cool o assumir belicista que é de facto perna do amor.

Abraço

xistosa, josé torres disse...

Hoje necessito de ajuda, para concertar ideias sobre este atentado à nossa, PORTUGUESA, aversão.
Está aqui:
http://belgiumtugadois.blogspot.com

Jaime disse...

Foi só treino. Vai lá buscar o amor ao campo de batalha, que o tipo arriba.