sábado, fevereiro 27, 2010

Sei lá.


-Olha, para que saibas, pelo menos até à data... gosto de te falar contigo ou escrever contigo... ou "sei lá"...
- Eu adoro "sei lá contigo"!
-Mas olha, também não sei.
-Não sabes?
-Sei lá!...contigo...
-Sabes lá, mas comigo...
-Mas adoraria. Certo...
-Sabes lá não é?
-O quê?
-Não sei.
-Pois.
-Talvez...
-Talvez é um começo.
-Talvez. Talvez seja um começo.
-Sei lá...
-Não sabes?
-Não sei...sei lá!
-(ri-se) Não sei, mas adoro "sei lá" contigo...
- Tu nunca te calas...

sábado, fevereiro 20, 2010

O poema das três caras.


Quisera escrever um livro de imagens,

um livro cheio de raizes e mentiras do passado.

Uma materialização de sonhos infantis, guardados em

dezenas de cadernos impares com todas as primeiras

folhas em branco. O resto será história.

Quem me dera abrir uma cortina e vislumbrar

a plateia vazia. O pó e os encantamentos de ilusões.

Quisera eu procurar palavras arrastadas em linhas

de ensinamentos comuns acessiveis a todos, pudera eu

encontrar nos lugares comuns a todos, a verdade

de toda a minha razão. Eu não sou isto, eu não sou aquilo.

Mas isto, isto nunca será nada a não ser eu.

Um livro, uma palavra e um palco vazio.

domingo, fevereiro 07, 2010

Diário de bordo de dias perdidos.

DIA 1
Sabes do que sinto mais falta?
Do ventre da minha mãe,
do calor,
do corpo suspenso,
das horas de embalo,
do laço que me prendia a ela,
de poder estar de pernas para o ar sem que o mundo todo me censure.
Sabes do que sinto mais falta?
Do ser e ainda não ser nada.


DIA 13,2/4
Quero sentir a terra tremer debaixo dos nossos passos perdidos.


DIA 37
Não devemos ter medo de decisões erradas. Elas não existem. Só há decisões e resultados, novas decisões e novos resultados. A vida escreve-se sem interrupções e sem dispersões do que seria mais certo. O que vivemos é o que temos mesmo que viver e aceitar, quem se lamenta perde tempo a tomar novas desições.

DIA 45
Ramboiage.

DIA 49,5
Doem-me as palavras todas,
as palavras mais sentidas,
as desabafadas sem mapa para encontrar destino.
E o balanço dos sentimentos a dar musicalidade
à poesia das ideias vãs,
que ninguém ousou agarrar.
O vôo rasante dos pés bem colados no chão e a
imaginação à beira do abismo incosnciente e sem voz.
Doem-me as palavras sufocadas por falta de ocasião,
e todo o sentido contido num vaso em forma de mulher.
Milhares de folhas de papel derramadas pelo chão,
sem sentido, proferidas por um pisar pesado por caminhos
que evitam a todo o custo literaturas estranhas e desajeitados modos de viver.
Doem-me as palavras na distracção de um suspiro que tento controlar
mas de onde escapa um animal algemado há muito.