segunda-feira, novembro 17, 2008

Amanhã, como hoje.


Observo-nos em outro momento,
que não este.
As mãos juntas e cansadas pelos dias.
A pele que deixou de estar engomada,
como hoje.
E as lentes dos oculos mais grossas.
Algo se mantem: continuas a não conseguir
ler as placas quando andas na estrada.
Continuamos juntos com a mesma intensidade
de hoje.
A minha cabeça cai sobre o teu ombro,
estamos pesados pelo tempo e
as conversas não são sobre futuro,
como hoje.
Vemos nos livros empoeirados
as fotografias de uma vida toda,
os sorrisos e a juventude,
os lugares e as histórias,
de hoje.
Reconhecemos nessas memórias que mudamos,
mesmo assim ainda vejo nos teus olhos
a luz de outros dias.
Ainda se sente o abraço apertado entre nós,
como o de hoje.
A certeza permanece intacta até ao final.
Como hoje e ontem, a tua rabugice
é a forma mais bonita de te contemplar.

3 comentários:

in_side disse...

a incrível beleza do que per dura

e a forma

o modo de

dizê-lo,

xistosa, josé torres disse...

Por muito que nos custe, a vida não pára.
Tenho a certeza que muito poucos podem ter saudades do que viveram ... o caminho foi percorrido e agora é olhar para o que falta.
O passado, todos o sabemos, não retorna.
Caminhemos e se possível a par.

Uma boa semana.

Laura Ferreira disse...

Lindo, como eu consegui ver tudo isto!