sexta-feira, março 09, 2007

Do outro lado da Janela da imaginação

Apartir de um interesse pouco interessante construiram-se casas sobre a terra, muitas casas alinhadas como se fossem caixotes em armários. Cada casa continha uma pessoa, uma cama, uma mesa, e uma folha de papel, como se fosse uma casa de bonecas sem mais artificios superfulos, para brincar basta a imaginação.
As pessoas que viviam nessas casas, dormiam duas horas, nem na noite nem no dia, dormiam quando tinham que dormir. Lá no sitio onde havia casas, não existia tempo, nem noite nem dia, era por isso que ninguém tinha relógios em casa.
As Casas eram pequenas, apenas se podiam dar dez passos para cima, vinte para um lado e quinze para o outro. Sim, lá dentro, as pessoas podiam dar passos para onde quisessem, não estavam limitadas a andar para a frente e para trás, ao contrário de nós, o limite deles era mesmo o chão. Apartir dai já não havia mais nada.
As pessoas acordavam e sentavam-se debaixo da mesa, com medo. As pessoas das casas de bonecas tinham medo daquilo que existia depois das portas de casa e por isso escondiam-se. Tinham medo também da folha de papel, não tinham com o que escrever ou pintar, e por isso tinham medo do poder da folha, medo que quando se chegassem perto as palavras ou as figuras aparecessem subitamente e transformassem toda a sua vida.
Viviam assustadas e olhavam-se nos olhos quando iam as janelas, uma janela em cada parede estabelecia a ponte imaginária entre a sua cabeça e a cabeça da pessoa da casa ao lado. As paredes eram meramente imaginárias, mas havia janelas reais, com vidros e madeiras a segurarem os vidros. Janelas suspensas por onde espreitavam, mesmo sabendo que não havia paredes, porque era assim que criavam o seu espaço periferico de intimidade. Espaço esse que não existia.

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