segunda-feira, janeiro 15, 2007

Apartir do sempre

Eram pessoas normais. Viviam nem mundo normal. Faziam coisas normais. Mas não eram normais.
Tinham duas pernas, dois braços, uma boca, uma cabeça, possuiam coisas normais de pessoas normais. Mas não eram normais.
Falavam de coisas normais. De livros, de músicas, de árvores, de instrumentos musicais, do tempo, do mundo, das aulas, e até de pessoas normais. Mas não eram normais.
Falavam ao telemóvel, mandavam mensagens, escreviam e-mails, escriam em papeis, falavam baixinho para ninguém ouvir, falavam um com um outro, e falavam com pessoas normais. Mas não eram normais.
Houve um dia, não sei se cedo ou se tarde, mas houve um dia normal, em que começaram a ser pessoas normais. Continuaram a fazer as coisas normais, só que desta vez eles eram pessoas normais.
As pessoas normais não se entendem, não se comunicam, falam-se apenas, mas não se entendem como as pessoas não normais.
Deixaram de viver no mundo das pessoas normais para entrarem numa espécie de Babel, eles não se entendem fora do mundo das pessoas normais.
Já não ouvem as músicas das pessoas normais, e pior, não sentem nada que não seja normal nas músicas das pessoas não normais.
Eles não se entendem, não comunicam, são pessoas normais em Babel. Não no mundo das pessoas normais, mas no lugar onde não se entendem.
Quando forem mais velhos, aqueles que passaram a ser pessoas normais, passarão um pelo outro e não se conhecerão. Eles sabem quem são, mas não sabem falar. No futuro serão somente pessoas normais.




O futuro chega sempre mais cedo quando não queremos que passe.
Tornamo-nos pessoas normais.



"So when weakness turns my ego up
I know you'll count on the me from yesterday.
If I turn into another
dig me up from under what is covering
the better part of me.
Sing this song
remind me that we'll always have each other
When everything else is gone."

Incubus, Dig

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