quinta-feira, janeiro 29, 2009

Diria que já é tempo.

Diria que já é tempo,
já é mais que certo
que a indiferença de outros dias
não passa por nós da mesma maneira.
Diria que já é tempo,
de acordar os olhos do sono,
a alma do fundo,
e todos os seres da escuridão.
A ti,
diria que já é tempo,
de levantar os braços
e aprender a sorrir,
Tempo de coisas novas,
de gestos antigos,
De sentimentos reciclados.
Diria que já é tempo,
de ver mais que objectivos
de entender o que é certo,
sem desprezar o errado.
A ti,
rejubilo o amanhecer
canto poemas tontos
de orgulho escrito,
Proclamo a tua verdade,
porque sempre a precisas de saber.
Diria que já é tempo,
de mostrar o carinho imenso,
mais certo que a própria chuva,
e que faz o coração bater.


( Para a minha Fipa que sempre me dá uma bola palavra quando é preciso)

Casa de Artistas


I

Quando chegou a portugal todas as ruas lhe pareciam pequenas demais. Começou por pensar na claridade, na luz ofuscante vinda do sol a que nada se compara a luz do sol do seu país. Pensou que talvez nunca se fosse habituar a essa luz que irradiava de todos os lados, principalmente da calçada portuguesa, da branca tanto como da preta.

O pouco que conhecia de Portugal tinha-lhe sido contado pela avó materna. A avó apesar de passar maior parte do tempo em Nova York não desperdiçava qualquer oportunidade de viajar até Lisboa durante uns bons meses. Quando era mais pequena chegou a vir de férias com ela, mas a unica coisa de que se lembrava era de um jardim com um cedro enorme que pensava não existir mais.

Foi a sua chegada ao Princípe Real que despertou a memórias de quando era pequena e do Verão que aqui tinha vivido. Afinal a àrvore ainda lá estava, apesar de lhe parecer agora mais pequena.

Tinha sido a morte da sua avó que a tinha trazido de novo a Portugal. Além de querer reviver alguns dos momentos que ali tinha passado com ela, pertencia-lhe agora a chave da velha e empoeirada casa no bairro alto. Já tinha ouvido falar muito daquele lugar e de como a vida nocturna ganhava ali um novo sentido para gente jovem como ela.

Ao encontrar a porta, pequena e verde, com uma janela de onde não dava para ver nada, soube logo que era ali. Conseguia ver a sua avó à janela a admirar as portuguesas que falavam alto de janela para janela. Lembrava-se da miscelania de roupa nos pequenos estendais que pingavam para cima das cabeças de quem passava. Hoje havia pouca roupa nos estendais e metade das janelas pareciam adormecidas há já muito tempo.

Rodou a chave na fechadura e a porta abriu-se mostrando uma enorme escuridão que contrastava com a claridade da rua. Parecia que também ali muita coisa tinha morrido.

Entrou e deixou as malas a segurar na porta enquanto foi à procura de algo que a pudesse iluminar no reconhecimento da casa, arrastando apenas consigo o velho saxofone.

Abriu as janelas todas do andar de baixo e só ai se apercebeu que existiam umas escadas para cima. Subiu sem pensar e encontrou o primeiro andar como uma casa-museu.

Pelo que observava. ou a sua avó dedicava imenso tempo as actividades artisticas, ou ali já tinham vivido muitas pessoas diferentes, com hobbies de todos os géneros. Sentou-se no quarto que pertencera à sua avó para pensar um pouco, no que poderia fazer com aquela casa enorme que agora era dela e o que iria fazer primeiro.

Tinha duas cozinhas, seis salas diferentes, oito quartos que poderiam ser desfeitos e aproveitados como estudios e ainda seis casas de banho. Muita coisa para uma americana a acabada de chegar ao país mais calmo do mundo como ela dizia.

Da janela tudo lhe parecia demasiado intacto, demasiado parado no tempo. Portugal sempre tinha tido essa imagem para si: um país parado no tempo. Como se ao chegar aqui, entrasse realmente no mundo da sua avó e ela estivesse de novo no seu quarto perdida no seu imenso guarda roupa.

Aquela era a sua oportunidade de começar de novo, a oportunidade certa para esquecer o que tinha ficado para trás e começar do zero. Enquanto se perdia cada vez mais nos seus pensamentos, kate olhou para a cómoda antiga da avó e viu um pequeno envelope amarelecido. Agarrou nele e tirou de lá de dentro uma carta, um manuscrito com mais de 10 anos, escrito da ultima vez que Amélia estivera em Portugal.

domingo, janeiro 18, 2009

1ª Discussão (O Balão da Joana)


Naquele instante
Em que o coração se contraiu,
Em que a respiração teimava em oscilar,
Em que as palavras saíram todas erradas,
Naquele instante,
Senti o amor todo,
Preso num balão cheio de ar,
Frágil, Vacilante, indefeso.
E as tuas palavras que teimavam ser alfinetes
Lançadas em todas as direcções
Pareciam não o conseguir alcançar.
Naquele instante,
As palvras não tocavam no amor,
Mas amachucavam o coração,
Feito de papel.
Amassado como se fosse rascunho,
de uma grande obra desprezada.
Aquele instante,
Agora esquecido na memória,
Foi como o vento a soprar o balão,
Perdido no teu universo,
Esquecido na tua enorme imensidão.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

A crise e mau estar da sociedade em que vivemos.

Perante tantas noticias que nos mergulham todos os dias sobre corrupção, bancos a fechar, taxas de juro, aumento dos combustíveis e afins, decidi que também o meu espaço virtual devia deixar por alguns momentos a ficção e se dedicar à minha opinião sobre tudo isto e as suas consequencias no mundo em que vivemos.
Para mim já chega de noticias derrotistas e previsões de mau estar na sociedade. Já percebemos desde sempre que a vida não é um mar de rosas e que se queremos chegar a algum lugar temos que nos mexer e lutar contra a maré. De facto eu não sou o melhor exemplo para estas coisas de andar para a frente e sorrir, pois também sofro da doença crónica de mais de metade dos portugueses: " o deixa andar".
Ao ser confrontada no outro dia com este defeito moral dei por mim a pensar em coisas importantes como o estado do pais e, acima de tudo, com a influência destas noticias na nossa maneira de ser e agir.
Como mais de metade dos portugueses não compreendo muito bem o que é esta coisa da crise; já percebi que pagamos mais e recebemos menos, percebi também que é dificíl andar para a frente e encontrar trabalhos maravilhosos como aquele que ofereceram esta semana na Austrália. Pena eu não saber fazer mergulho e o meu inglês não ser o melhor, porque acho que me sentia capaz de viver numa casa de luxo e andar o dia todo a olhar para corais.
É claro que esta noticia levou ao "Boom" dos desesperados que neste momento procuram na net cursos de mergulho de um mês, ou mesmo cursos de inglês em 30 dias para fazerem a sua apresentação em video e assim se candidatarem a uma vida de sonho.
Na minha medíocre opinião, esta coisa da crise não é mais do que uma doença facilmente contagiosa da parte dos media. As pessoas ficam com medo, tiram o dinheiro do banco e escondem-no debaixo do colchão; quem não tinha muito dinheiro continua a não o ter e quem o tem, tem medo de o investir e como acha que este vai acabar resolve vender os seus valores.
Ora se isto está tão mau, quem tem dinheiro devia faze-lo mexer para fazer andar para a nossa economia, ou não? Afinal de contas se os americanos conseguiram tirar o "Jorge Bruxo" do poder, nós também podemos mudar as coisas.
Dizem que é dificíl encontrar empregos decentes e por consequência, também a vida se torna mais dificíl. Esta semana tentei enviar o meu currículo, que não tem nada de magnífico que me confira experiência para bons trabalhos e, surpresa das surpresas, no dia seguinte tinha resposta de todos eles a marcar entrevistas. Será que o país está mal, ou que as pessoas se tornaram tão exigentes que não se contentam a começar por baixo? Cá para mim, toda gente quer é um primeiro trabalho como gestor de uma empresa, ou como chefe de qualquer coisa com direito a carro e a ordenado com muitos zeros no fim.
Não condeno a exigência das pessoas em ter boa vida e em sonhar, condeno sim a falta de modéstia de quem está a começar agora.
Se este mau estar vai continuar (muito por culpa dos media que ultimamente nos tem arrastado com preocupações por causa do frio e da chuva, quando isso são coisas normais.) sugiro que as pessoas comecem a pensar nas soluções e não em conformar-se com aquilo que nos é imposto. Se a crise continua nós só temos de aceita-la e fazer os mercados andarem para a frente do modo que nos for possível. Deixar de acreditar e ficar em casa a ver as notícias na televisão parece-me uma atitude demasiado vaga.
Se a cada coisa que fizermos pensarmos mais no futuro e tirarmos a cara de carrancudos que as noticias nos colocam, provavelmente as coisas serão melhores. Falta esperança no rosto dos portugueses, faltam objectivos e dinheiro no bolso, mas tudo se consegue com boa disposição e vontade de fazer as coisas mudar.
Na minha , mais uma vez, mediocre opinião, o que falta nos portugueses é vontade de sair do sofá e descalçar as chinelas, assim como boa disposição para fazer o que fazem bem feito.

Por favor, selecionem as noticias que vêm na televisão e façam delas não mtivos para desistir, mas força para continuar, afinal : Quem tem algo por que viver é capaz de suportar qualquer "como". (Nietzsche)