=)
Faltam alguns minutos para a hora que espero. Mesmo assim sinto que tenho todo o tempo do mundo para escrever algumas linhas sobre assunto nenhum. Sempre foi assim: a inspiração ou a falta dela, chegam sempre em cima da hora. Não me preocupo com isso, nunca me preocupei. Como daquela vez em que resolvi participar num concurso de poesia. Não ganhei nada. Pudera, os bons poemas vieram todos depois da hora da entrega. E foram tantos, tão bons e tão maus, mas sempre imensos. Não ganhei nada, nem uma estrofe se salvou. Talvez fosse um problema de inspiração, ou talvez o universo não estava sintonizado no mesmo canal que eu. Paciência.
Cá continuo à espera. No jardim onde se ouve água a correr de uma fonte e o trânsito infernal dos aviões para a portela. Sempre gostei destes contrastes embora aprecie muito mais os dons musicais da natureza. Não estou sozinha, uns bancos mais à frente uma mulher permanece apática. Sempre tive problemas com pessoas apáticas. Preocupa-me o que se passa lá dentro e é indecifrável cá fora. A apatia é como um presente vazio, alguém que não transmite nada cá para fora. Uma pessoa com inspiração invisível, que não se traduz em letras, nem em música, nem em nada. Tem os lábios vermelhos e fuma um cigarro com um vagar quase invejável. Não tivesse eu esta ideia de que sou diferente de todos os extraterrestres do mundo, que gostava de ser assim e fumar um cigarro com aquela delicadeza e indiferença ao mundo. Quem me dera não me preocupar com o tempo.
Essa é uma questão que consigo contornar com alguma astúcia. É por isso que escrevo, para condensar o tempo para todo o sempre. Cada linha é um momento meu em que o tempo não contou, mesmo sem inspiração nenhuma. Quando eu for velha, vou ler as minhas ideias alteradas da juventude e voltar a sentir o mesmo. Juventude condensada e mais um comprimido para as dores nas costas, lidas com mais cinco dioptrias em cada vista.
Agora que vou chegar atrasada ao compromisso a que me propus no inicio desta divagação, confesso porque escrevo: um dia quero ser interessante e culta como o António Lobo Antunes.
Cá continuo à espera. No jardim onde se ouve água a correr de uma fonte e o trânsito infernal dos aviões para a portela. Sempre gostei destes contrastes embora aprecie muito mais os dons musicais da natureza. Não estou sozinha, uns bancos mais à frente uma mulher permanece apática. Sempre tive problemas com pessoas apáticas. Preocupa-me o que se passa lá dentro e é indecifrável cá fora. A apatia é como um presente vazio, alguém que não transmite nada cá para fora. Uma pessoa com inspiração invisível, que não se traduz em letras, nem em música, nem em nada. Tem os lábios vermelhos e fuma um cigarro com um vagar quase invejável. Não tivesse eu esta ideia de que sou diferente de todos os extraterrestres do mundo, que gostava de ser assim e fumar um cigarro com aquela delicadeza e indiferença ao mundo. Quem me dera não me preocupar com o tempo.
Essa é uma questão que consigo contornar com alguma astúcia. É por isso que escrevo, para condensar o tempo para todo o sempre. Cada linha é um momento meu em que o tempo não contou, mesmo sem inspiração nenhuma. Quando eu for velha, vou ler as minhas ideias alteradas da juventude e voltar a sentir o mesmo. Juventude condensada e mais um comprimido para as dores nas costas, lidas com mais cinco dioptrias em cada vista.
Agora que vou chegar atrasada ao compromisso a que me propus no inicio desta divagação, confesso porque escrevo: um dia quero ser interessante e culta como o António Lobo Antunes.
6 comentários:
"Cada linha é um momento meu em que o tempo não contou",estes pedaços de tudo e de nada k te saiêm de vez em quando sao dogmaticos no meu mundo...=) gostei!!**
Antes que fique por dizer e por ser verdade, não gosto um milímetro da escrita de, António Lobo Antunes.
Também não gosto das suas grandiloquências que apregoa com a escrita.
NÂO GOSTO.
Já disse o que poderia esquecer.
É no último sopro, no último suspiro que normalmente surge a inspiração.
Preparamo-nos ... está tudo a postos, mas na hora da concentração tudo se esvai.
Por isso escrevamos quando e como pudermos.
Talvez aconselhe uma prateleira para as rasuradas folhas.
Eu atiro-as para uma pasta.
Gosto de escrever poemas. Mas gostaria de saber.
Por isso, volta e meio vou ao baú e de dois ou três si um.
Talvez oiça os aviões que sobrevoam para Pedras Rubras, para mim, nunca sera´Sá Carneiro.
Há coisas que não se fazem e tentarem mudar o curso dos rios é um crime.
Escreva, não como ele, António Lobo Antunes, que tem uma escrita chata, pesada, até idecifrável ... NÃO GOSTO!!!Deixe fluir a pena enqianto pega no "baton" e no espelho e espelha-se, espraiando a pintura.
Não a vou mandar fumar, isso é um crime de lesa-Pátria e de morte prematura.
Os que fumam e os que não fumam, juntam-se um dia, +para lá da linha do horizonte.
Fumei 5 maços de SG Gigante.
Já lá vão 12, 13 ou mais anos, perdi-lhes a conta.
Nunca mais fumei.
Um dia vai gostar da sua escrita e quem sabe, apparecer-lhe uma lágrima ao canto do olho, quando descobrir que o que escrevia era escrita legivel e sua.
Mas não se arrependa da juventude.
Arrependa-se do que ainda vai viver e escrever ...
Antes de mais, bom concelho do Vicente :)
É bom ser reconhecido numa das nossas artes mas parece-me que reconhecimento maior é ser apreciado por quem ainda sabe ser leitor.
Adoro concursos, a competição... mas não os credibilizo, rarissimamissimamente mo merecem.
Eu condenso o tempo fotografando-o fisica e mentalmente... são necessidades, mas sei que se por acaso algum dia fosse ainda mais velho não conseguiria jamais sentir como senti, aliás, ontem fui outra pessoa, quanto mais antes de ontem ou na juventude...
Um dia queres ser careca e ter pila? :)
Sabes, gosto muito do que parece ser o homem mas do autor não lembro feitos imortais.
Beijo rapido, para não te atrasar mais ainda...
Um dia quero apenas ser presenteada com uma genialidade do género da dele, e isso é apenas e só pedir de mais.
(Os dois minutos de conversa com ele e o elogio que me fez hão-de ser sempre dos momentos mais bonitos da minha vida.)
Eu sou daquelas pessoas que é capaz de se levantar a meio da noite para escrever uma frase ou uma palavra que surgiu do nada e que pode dar origem a alguma coisa talvez até estupenda. E quando a preguiça me prende fico tão arrependida!!
E mesmo sem inspiração faz bem escrever... A inspiração por vezes cresce à medida que vamos acrescentando palavras que, juntas, se transformam num texto.
Bjinho*
Também gosto muito...
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