segunda-feira, setembro 29, 2008

Quero ser o António Lobo Antunes.

Um presente/conselho de um amigo chamado Carlos Vicente.
=)


Faltam alguns minutos para a hora que espero. Mesmo assim sinto que tenho todo o tempo do mundo para escrever algumas linhas sobre assunto nenhum. Sempre foi assim: a inspiração ou a falta dela, chegam sempre em cima da hora. Não me preocupo com isso, nunca me preocupei. Como daquela vez em que resolvi participar num concurso de poesia. Não ganhei nada. Pudera, os bons poemas vieram todos depois da hora da entrega. E foram tantos, tão bons e tão maus, mas sempre imensos. Não ganhei nada, nem uma estrofe se salvou. Talvez fosse um problema de inspiração, ou talvez o universo não estava sintonizado no mesmo canal que eu. Paciência.
Cá continuo à espera. No jardim onde se ouve água a correr de uma fonte e o trânsito infernal dos aviões para a portela. Sempre gostei destes contrastes embora aprecie muito mais os dons musicais da natureza. Não estou sozinha, uns bancos mais à frente uma mulher permanece apática. Sempre tive problemas com pessoas apáticas. Preocupa-me o que se passa lá dentro e é indecifrável cá fora. A apatia é como um presente vazio, alguém que não transmite nada cá para fora. Uma pessoa com inspiração invisível, que não se traduz em letras, nem em música, nem em nada. Tem os lábios vermelhos e fuma um cigarro com um vagar quase invejável. Não tivesse eu esta ideia de que sou diferente de todos os extraterrestres do mundo, que gostava de ser assim e fumar um cigarro com aquela delicadeza e indiferença ao mundo. Quem me dera não me preocupar com o tempo.
Essa é uma questão que consigo contornar com alguma astúcia. É por isso que escrevo, para condensar o tempo para todo o sempre. Cada linha é um momento meu em que o tempo não contou, mesmo sem inspiração nenhuma. Quando eu for velha, vou ler as minhas ideias alteradas da juventude e voltar a sentir o mesmo. Juventude condensada e mais um comprimido para as dores nas costas, lidas com mais cinco dioptrias em cada vista.
Agora que vou chegar atrasada ao compromisso a que me propus no inicio desta divagação, confesso porque escrevo: um dia quero ser interessante e culta como o António Lobo Antunes.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Literatura tua, completa.


Que sentimento é este que nos visita?
Prometi que não te escrevia mais palavras
em forma de poema, não prometi sentimentos.
E cá estamos nós, no meio de toda gente
a olharmo-nos como se o coração ainda quente
nos tornasse num só sem o tempo mudado.
O passar dos dias fez de nós, palavras de outros versos
das mãos do escritor vindo de outro universo.
Já vivemos o nosso tempo de miúdos apaixonados
Já nos amamos jovens, e saimos magoados
Agora julgamo-nos adultos que a vida ensinou a viver.
Acreditamos em possiveis recaidas
Mas não dormimos descansados sobre elas.
O possivel não muda nada.
E hoje é possivel, que no meio de toda gente
onde trocamos palavras e nos tocamos em poemas de olhares
Sentir o medo de avançar, até mesmo de perguntar:
Que sentimento é este que nos visita?
Agora que não me reconheces pelos olhos
Restos de amor que não se usou.

domingo, setembro 21, 2008

Há dias...



Eu juro, por todas as coisas sobre as quais não se deve jurar, que se eu mandasse em coisas que não são de ninguém, era a ti que dava o meu coração. [ Mas não posso]

Eu gostava de acordar o coração deste sono demorado e manda-lo a correr ao teu encontro, mas o meu coração só se sabe perder.

[Todos os dias a toda hora]

Eu quero acreditar que um dia me vais voltar as costas e lançar o teu coração ao céu. Quero acreditar que esse amor que desperdiço todos os dias, um dia se vai transformar numa estrela, o amor mais brilhante de todos os amores.

[Todas as noites procuro o meu coração num lugar perdido]

Se há dias em que me apetece esquecer que penso e que és tu quem me pode fazer feliz, também há dias em que me doí cá dentro o simples facto de te ver existir assim.

[mas todos os dias agradeço a tua presença]

sexta-feira, setembro 19, 2008

Across the universe

Close your eyes and I'll kiss you
Tomorrow I'll miss you
Remember I'll always be true
And then while I'm away
I'll write home ev'ry day
And I'll send all my loving for you.


Um dos filmes mais divertidos dos ultimos tempos.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Luz


Todos temos um pedaço dela
e ela é um pedaço em cada um de nós.
No sorriso trás pendurada a leveza
de nunca se deixar levar pela tristeza,
mas como nós também cai e se levanta.
Ela sabe voar num sentimento inebriante que a define.
Ela podia ser uma luz pequenina no céu do universo,
mas é a magia que faz girar o mundo.
O seu andar leva na nossa direcção
os passos demorados que não deixam o tempo passar.
Momentos rápidos, sempre a fugir
registados um a um como se fossem fotografias imaginárias
que guarda com carinho na memória.
Se o mundo fosse só dela, era um jardim encantado.
Nós seriamos flores, beijadas uma a uma
tocadas como se fossemos o bem mais precioso.
Da mesma maneira que somos tocados agora.
O nosso melhor lado é o teu.
O teu sorriso uma felicidade nossa.
(que não nos importamos de dividir com o mundo.)
Para a Raqéu.