quarta-feira, dezembro 26, 2007

Resposta:


E se no final, tu fosses a resposta?

Às minhas preces sem religião, às preces pouco

devotas de quem parece não acreditar

em mais nada.

Não fui feita para acreditar, também não desconfio, apenas

questiono.

Se eu não questionar, tu nunca serás a minha resposta.

Quando a luz diminuir e tapar as cores da nossa vista

os braços procurarão o caminho. Os nossos braços serão

os nossos olhos das sensações sem cores,

tocarão sentimentos incolores com as mãos.

Quando falatarem cores e texturas aos sentimentos,

quando deixarmos de acreditar nas preces,

teremos de aprender a viver outra vez,

para sentirmos de novo, de todas as maneiras.

E será sempre a mesma história, a mesma descoberta

sem percebermos bem o porquê. Somente para voltar a questionar.

No final, qual será a minha resposta?

segunda-feira, dezembro 17, 2007

De passagem.

Gosto de homens que cheiram a café,
mulheres que ficam de pé a olhar para o nada.
Gosto de míudos constipados e ranhosos.
Dos pais que cheiram a café e usam lenços de pano,
Das mães que não vêm nada porque não estavam lá.
Gosto de quando não chove e também não faz sol,
de quando ando com roupa a mais pendurada nos braços.
Do Natal e das férias grandes.
Gosto dos homens que cheiram a café e têm medo de bichos,
que se arrepiam a falar de coisas que não contam a ninguém.
Gosto quando as mulheres apáticas acordam para ir às compras.
Das crianças que gostam do Verão porque não se lembram do
do peso dos livros nas costas.
Gosto de ver alguém a escrever com o cigarro pendurado na mão.
Gosto quando isso acontece num café, quando as empregadas apontam
pedidos de cabeça na lua porque não têm fome.
[E eu gosto de muito pouca coisa.]