Sustenho a respiração por instantes tentando controlar o impaciente bater do coração. De nada me vale agir de modo descontraido quando tudo à minha volta parece desabar. És tu. A tua presença discreta contrai-me todos os musculos do rosto num sorriso que mais ninguém consegue despir. Ainda assim faço-me de forte num momento em que muitas vezes não tive de fazer de nada. Com outras pessoas, sem sentimentos. Contigo as coisas descontrolam-se porque nao consigo deixar de ser eu, não consigo correr e vestir as máscaras, contigo as coisas acontecem no arrepio do toque na pele. És tu. Sempre foste só tu.
Depois de tantos anos a existirmos lado a lado, a música que bate nos nossos corações continua a ser a mesma melodia, os mesmos acordes, o mesmo ritmo. Se nos colocassem no meio de cinco milhões de pessoas a ouvir a mesma música, estariamos em lugares diferentes a agitar as mãos e os pés da mesma forma e chamariam-nos loucos. Nós rimo-nos.
Chama-se sentir àquilo que passa cá dentro e nos invade de uma força estranha. Chamam-lhe sentimento colossal e dizem que é impossivel na vida real, e por nos ter sido sempre impossivel é cada vez mais uma realidade nas nossas vidas. E ele existe, dentro de nós, como uma pequena chama que umas vezes cessa e outras tantas arde sem nada para queimar. E é esta a vida que nos oferecem, o conhecimento do sentimento maior, na impossibilidade de criar uma história real, de amor, daquelas dos livros das crianças.
[A sombra deste sentimento ainda faz frio e cócegas no coração.]
4 comentários:
Chamar-se-á amor a esta vertigem de coisas físicas e palavras?
beyond the truth
boa frase esta ultima....lindo blog
baralhas-me...
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