Confusão.
Nem mais, nem menos. Isto: sinto-te a falta de uma forma estranha de sentir, Minha ou tua. Sentimos os dois aquilo que corre nos braços e nas pernas. Aquilo que corre no peito, Aquilo que pulsa forçosamente, Num abalar inquieto, numa plenitude forçada de existir. Mas não existo somente na pulsação, Nada existe para além da pulsação, Se não se o é.
Confusão.
O mundo é demasiado profundo e cozido a linha transparente Deixamos de ver a costuras da vida, Onde partimos rompendo ponto a ponto No doer as memórias E as fibras que dão lugar aos sentimentos Que se sentem mas não se olham. Dia após dia. Um, dois, três. Três pontos de costura enviusada cortados Num sentir amaldiçoado que Se sentem e não se olha. Somos cegos das paixões dos dias, Morcegos famintos da luz que brilha, Mas não cessamos o fechar de olhos.
Não cesso. Fecho. A fechadura que colei onde tu estás, Onde está a chave, Onde o mundo começa e termina no mesmo segundo acelerado. Corre, tão depressa que chego a sentir Os fios de vento lisos como a àgua a lamberem-me o rosto, Tão depressa. E paro. Parei.Agora.
Confusão.
Quero-te aqui, protege-me, agarra-me, Não cesses, abraça-me, aquece-me, ama-me, Reconforta-me os brilhos das asas ao vento De quando éramos pássaros dos dias, peço-te. Peço-te tanto. Não tenho nada. Tu dás. Eu não aceito.
Confusão.
Não leio para lá dos olhos, Não leio os livros nem as almas De um passar triturante de corpos deitados na areia em vidro, Não sei ler, Desconheço-te os sinais que não te quero ler. Mentira.
É noite. Hoje e sempre. Quero-te dormir no abraço apertado, Mas no instante seguinte de um tempo demorado não és tu, Eu não quero, Já não existes, És miragem no rosto de alguém que não és tu, Mas és. Ilusão, mais uma noite, Mais uma história encanta de princesas de tule negro nos vestidos, E de príncipes rotos e sujos de purpurinas.Calma.Tu existes-me.És realidade.
Porque durmo ainda nos sonhos de um passado longínquo de ontem,E não vejo que o sonho me despertou para a realidade que sonhamos iludidos,Existimos de novo.Queres-me e não me queres porque eu não sei.Nó na garganta, nó na perna, nó na cabeça, nó no coração,E dói.E volta a doer.Porque sim e porque não.
Confusão.
1 comentário:
Sinto a tua falta...Continuas a escrever maravilhosamente bem...o que sinto é real, bem real...tu sabes...
Enviar um comentário