domingo, março 26, 2006

Força

Existe uma força que sopra cintilante, sem saber o que há em sua volta, uma força fininha e poderosa, que segura as amarras daquilo que somos ou julgamos ser, esse paradoxo sem nome que nos perturba as razões adquiridas ao longo dos tempos, a força.
Existe uma força que no seu esplendor julgamos ser inabalável, que julgamos detentora de todas as coisas boas, de todos os impulsos felizes que nos ocorrem, pode ser inspiração, mas pode ser muito mais, a inspiração só é aproveitada já no seu final, daí a criação ser sempre um milésimo daquilo que poderia ser uma apoteose de tudo. Imagino o que seria se essa força fosse canalizada logo no seu momento inicial, imagino o brilho incessante da força que cegava qualquer um no seu visionamento, um abrir de janela iluminada sem culpa depois da noite escura. A força não precisa de ser tudo, quando não se tem nada ela não existe...existe, ela nunca deixa de existir, mas não brilha é anónima na sua cor, no seu brilho, os olhos são cegos à luz, e como não a vislumbramos esquecemo-nos da sua existência, perdemos o caminho da sua luz e seguimos um caminho contrário, um caminho onde não há motivos nem razões, e onde não paramos de tactear o chão na busca do que não existe.
Existe uma força, e existem as explicações, exigimos sempre explicações, motivos, porquês, papeis, livros, frases, poesias, relatórios que não existem, o coração não tem arquivo destas coisas, não há lugar para isso nele, gostamos de tal maneira que os únicos arquivos são filmes e fotografias muitas vezes em silêncio, é tão pequeno que quase nem cabem as palavras. É tão limitado que só fica o importante, a semente da força cintilante, que arrasa mundos e castelos encantados, porque o único paradoxo do coração é o real e a imaginação, não há limites, distancias, definições, finais, nada, nada termina, nem nada acaba, o coração é o único que não perturba o seu ritmo na vida, só o coração é constante de amar as forças.
Existe uma força, que não damos valor, porque a adquirimos sem sabermos como o jornal que se folheia em desdém de manha porque nos impuseram que temos de saber tudo o que acontece, porque é bom nos distrairmos com os problemas dos outros quando deixamos de ver a força.

(não consegui acabar esta coisa sem jeito......ficou assim até à próxima onda boa de apanhar, ou até conseguir ver a força de novo)